Ilias Kasidiaris, ex-membro da Aurora Dourada, condenado a 14 anos de prisão por associação criminosa, quer voltar à política grega e já afirmou que a sua candidatura nas eleições gerais do próximo dia 21 de maio é um teste decisivo à democracia grega. Para já, deu-se mal: o Supremo Tribunal impediu a criação de um novo partido de sua ‘autoria’ e, em princípio, o ex-porta-voz do Aurora Dourada não terá como ir a votos.
Recorde-se que o Aurora Dourada, assumidamente fascista e neonazi, entrou no Parlamento grego em 2012, no auge dos problemas económicos da Grécia após a crise financeira global de 2008 – para, pouco mais de um ano depois, os seus 20 deputados serem presos. O Supremo Tribunal determinou que o assassinato de um rapper tido como um elemento da esquerda às mãos de membro do partido era parte de um padrão de violência contra imigrantes, a comunidade LGBTQ e a esquerda em geral e processou, com sucesso, o Aurora Dourada como uma organização criminosa.
Kasidiaris apelou da condenação e tem estado ativo na prisão por via das redes sociais. A sua nova agremiação política, o Partido Nacional Grego, tem intenções de voto da ordem dos 3,5% nas eleições deste mês, o que é suficiente para entrar no Parlamento. Mas, segundo a imprensa grega, a Primeira Seção do Supremo Tribunal, que examina os partidos antes das eleições, colocou-o fora de bordo.
“O sistema democrático foi dissolvido e meio milhão de gregos foram privados do direito de votar no partido da sua escolha”, disse o advogado de Kasidiaris do lado de fora do Supremo após a decisão ter sido conhecida, lendo uma mensagem escrita do seu cliente.
“O Partido Nacional Grego foi alvo porque é o partido mais limpo e honesto no cenário político doméstico. Esperávamos essa reviravolta sem precedentes e estamos totalmente preparados para o dia seguinte”, diz o comunicado.
Num país que sofreu a ocupação nazi durante a II Grande Guerra e quase um milhão de mortes – seguida de uma guerra civil (1944-49) de um período fascista conhecido como a Ditadura dos Coronéis (1967-73) – muitos veem o ressurgimento do fascismo como uma desgraça nacional.
Depois da guerra civil, o Partido Comunista foi banido da sociedade grega mas a possibilidade do seu reaparecimento induziu a aceitação da Ditadura dos Coronéis. Depois da sua queda, o Partido Comunista regressou e uma nova Constituição evitou banir alguém ou algum partido por questões ideológicas. Mas tudo mudou com o Aurora Dourada.
Há dois anos, o governo aprovou uma emenda proibindo condenados por associação criminosa de liderarem partidos políticos. Em fevereiro Kasidiaris colocou um oficial reformado do exército no comando do seu partido, o que levou o governo a ampliar a emenda legal para a proibição de criminosos serem membros de partidos.
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