O Banco de Portugal apresentou hoje o seu relatório de Estabilidade Financeira, com a avaliação dos principais riscos e vulnerabilidades para a estabilidade financeira nacional, o que inclui análise ao mercado imobiliário, à situação patrimonial das Administrações Públicas e do setor privado não financeiro, e do sistema bancário português.
Os principais riscos e vulnerabilidades para a estabilidade financeira incluem a turbulência acrescida nos mercados financeiros internacionais, “implicando potenciais efeitos de contágio entre os ciclos financeiro e económico”
Mas também “uma eventual aversão ao risco mais generalizada teria impactos adversos sobre os custos de financiamento, a valorização dos ativos e a atividade económica”.
Sem esquecer uma trajetória menos favorável para o rácio da dívida pública. Os principais riscos associados a este processo “derivam de um enquadramento económico e financeiro potencialmente mais adverso, com menor crescimento económico e inflação mais persistente, que motive uma reação mais intensa e duradoura das autoridades monetárias por via de taxas de juro mais elevadas”.
O BdP refere que ainda como risco à estabilidade, o potencial incumprimento das famílias mais vulneráveis, devido à inflação elevada, à subida das taxas de juro de curto prazo e a um potencial agravamento da taxa de desemprego.
“A preponderância da taxa de juro variável no stock de empréstimos à habitação leva a que a subida das taxas de juro de curto prazo se traduza num aumento relativamente rápido e significativo dos encargos com a dívida”, diz o Banco de Portugal.
O potencial incumprimento das empresas mais vulneráveis é também um risco. “Apesar da evidência recente de resiliência do setor, um contexto económico e financeiro mais desfavorável, caraterizado por menor crescimento económico e taxas de juro mais elevadas, poderá aumentar a percentagem de empresas vulneráveis”, diz o relatório.
Na lista de riscos apontados está também o arrefecimento no mercado imobiliário residencial, com impacto sobre os preços e sobre o valor do colateral de créditos garantidos por imóveis. Sendo que “o contexto de subida das taxas de juro deverá contribuir para a desaceleração dos preços no mercado imobiliário residencial em Portugal”.
Também a materialização dos riscos de mercado e de crédito no setor bancário, “refletindo a interação entre uma evolução mais adversa das variáveis do cenário macrofinanceiro e as vulnerabilidades dos setores de contrapartida”.
Perante os desafios e os riscos identificados, “espera-se que os bancos aproveitem a melhoria do contexto económico e financeiro para adequar as condições dos empréstimos à capacidade de pagamento dos clientes”.
“Espera-se também que mantenham políticas prudentes de constituição de imparidades e de conservação de capital, que permitam aumentar a sua capacidade de absorver perdas e de financiar a economia”, acrescenta.
“No quadro das suas atribuições, o Banco de Portugal manterá um acompanhamento próximo das condições reais e nominais da economia, atuando em função da sua avaliação de riscos”, garante o supervisor.
“Nos últimos meses, os riscos para a estabilidade financeira acompanharam o enquadramento geopolítico tenso, as pressões inflacionistas e a relativa turbulência nos mercados financeiros internacionais, espoletada por desenvolvimentos recentes em bancos nos EUA e na Suíça”, refere o supervisor da banca.
“Apesar de refletirem fragilidades idiossincráticas, os eventos nessas instituições suscitaram um quadro geral de incerteza, que motiva uma monitorização acrescida por parte das autoridades”, acrescenta o Banco de Portugal.
O Banco Central Europeu “prosseguiu o ciclo de subida de taxas de juro, apesar da recente desaceleração, e sinalizou a sua capacidade para apoiar a liquidez ao setor bancário da área do euro, se necessário, e preservar a transmissão da política monetária”, segundo o banco central.
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