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Custos inerentes ao Interior ainda condicionam crescimento das PME

Em entrevista ao JE, Filipe Fialho Pombeiro, fala do crescimento do tecido empresarial do distrito de Beja, dos desafios da Região e da aposta na inovação.
29 Julho 2018, 14h00

Desde 1998 que a NERBE/AEBAL – Núcleo Empresarial da Região de Beja e Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral -, uma associação sem fins lucrativos, tem trabalhado no fortalecimento e na dinamização da estrutura empresarial do distrito de Beja. Em entrevista ao Jornal Económico, Filipe Fialho Pombeiro, presidente da NERBE, abordou a evolução positiva do tecido empresarial da região, constituído, na sua maioria, por micro empresas e PME (Pequenas e Médias Empresas), revelando ainda que o grande desafio que enfrentam não difere das demais empresas do país, consistindo na “sua consolidação e sustentabilidade a longo prazo”.

“São os setores da agricultura e do agro-alimentar, com maiores vantagens competitivas no distrito, que têm revelado mais crescimento”, disse Pombeiro. No entanto, assinalou, outras atividades económicas têm registado “crescimentos interessantes”, como o turismo e os serviços, “especialmente os [que] estão ligados com o agro-negócio”.

O investimento, considerou, é “o fator mais importante no desenvolvimento económico”. Apesar dos fundos comunitários, como o programa Portugal 2020, adoptado em parceria com a Comissão Europeia, servirem de “alavancas do investimento, uma vez que permitem [às empresas] reduzir os capitais próprios” e estarem ajustadas ao tecido empresarial da região, Pombeiro confessou que têm registado pouca aderência por parte das entidades empresariais do distrito de Beja devido “às insuficientes fases de abertura do concurso e às regras que impõem”, preconizando candidaturas abertas de forma continuada ou mais fases de candidatura.

Sobre o programa Portugal 2030, o presidente da NERBE espera “que volte a privilegiar as empresas” porque são o motor da criação de emprego e ajuda a “fixar pessoas [no distrito de Beja]. E, cauteloso, sobre a Linha de Crédito Capitalizar 2018, lançada no passado dia 11 com uma dotação de 1,6 mil milhões de euros para as PME do interior, Pombeiro pediu uma análise de risco “adequada” porque, em casos anteriores, “depois de uma análise positiva da banca, o escrutínio por parte das sociedades de garantia mútua torna-se excessivo”. “A região já provou que quando as políticas públicas são assertivas, as empresas reagem e o investimento acontece”, disse.

Algumas dificuldades experimentadas pelo tecido empresarial do distrito de Beja têm que ver com a pequena dimensão das empresas que o compõem, explicou o presidente da NERBE. Mas também os custos que estas suportam, devido à localização no interior do país, “são maiores do que as demais [empresas], especialmente no que se refere aos transportes”, revelou. “É por isso que há muito reivindicamos aos sucessivos governos que resolvam o grave problema das nossas acessibilidades, em particular a finalização da A26/IP8 e a electrificação da ferrovia entre Beja e Casa Branca”, sublinhou. Para o futuro,  Pombeiro acredita que, “uma vez resolvidos estes problemas de acessibilidade, com o aeroporto a funcionar, também os setores [do comércio] possam crescer ao ritmo” desejado.

A NERBE tem seguido de perto os desafios que a digitalização acarreta no tecido empresarial. “Tem sido um processo contínuo e natural por parte das empresas da região”, explicou. Neste âmbito, a preocupação da NERBE tem consistido em “capacitar as empresas no domínio [digital], nomeadamente através dos projetos de formação” que a associação tem levado a cabo. Como suporte ao “Clube NERBE”, que pretende que os associados comuniquem entre si e que possam gerar negócios”, a associação lançou a app “Krop” que “funciona como um gestor de contactos e de negócios entre os seus utilizadores”.

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