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Empréstimos e preços das habitações sobem. Em Lisboa crescem quatro vezes mais que na Europa

Tanto os critérios de crédito como a procura por empréstimos na zona euro têm apoiado a dinâmica dos empréstimos hipotecários há vários anos, uma situação não observada desde o período pré-crise, de acordo com o BCE.
Cristina Bernardo
9 Agosto 2018, 10h56

A concessão de crédito à habitação tem crescido na zona euro, resultando de condições de financiamento mais favoráveis, da recuperação económica e da crescente dinâmica no mercado imobiliário. Os preços das casas acompanham a tendência com uma taxa de média de subida de 4,1%, quatro vezes inferior à de Lisboa e Porto.

“Os empréstimos às famílias para aquisição de habitação parecem ter crescido a uma taxa moderada nos últimos anos”, nota o Banco Central Europeu (BCE), no Boletim Económico, publicado esta quinta-feira. “Os preços dos imóveis residenciais na área do euro continuaram a acelerar no primeiro trimestre de 2018”.

O indicador de preço de propriedade residencial do BCE refere que os preços das casas e apartamentos na área do euro aumentaram 4,1% em relação ao ano anterior no primeiro trimestre de 2018 subiu de 3,9% no trimestre anterior, confirmando um novo fortalecimento e ampliação do ciclo de preços da habitação

Em Portugal, o preço médio dos imóveis residenciais subiu 7,8% no primeiro trimestre do ano face ao homólogo. Olhando para as duas maiores cidades do país, a diferença é ainda maior. Em Lisboa, a subida foi de 20,4% e no Porto de 22,7%, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística.

A taxa de crescimento homóloga dos empréstimos ajustados às famílias para aquisição de habitação foi de 2,8% no primeiro trimestre de 2018, tendo aumentado gradualmente de ligeiramente acima de 0% em 2014.

Na análise evolutiva, empréstimos originados recentemente e os reembolsos de empréstimos anteriormente concedidos são considerados em conjunto. No primeiro trimestre do ano, os reembolsos de empréstimos contribuíram negativamente para a taxa de crescimento homóloga dos empréstimos às famílias para aquisição de habitação de cerca de -8 pontos percentuais, em comparação com -6 pontos percentuais imediatamente antes do período entre 2003 e 2008.

“Espera-se que esta contribuição negativa cresça ainda mais, provavelmente atingindo o pico em 2022, arrastando para baixo o crescimento do crédito líquido em cerca de 3,5 pontos percentuais”, afirma o BCE, acrescentando estimar que a criação de empréstimos contribua atualmente com cerca de 11 pontos percentuais para o crescimento anual dos empréstimos às famílias para aquisição de moradias.

Nos 12 meses terminados em março de 2018, a criação de empréstimos reais somou cerca de 450 mil milhões de euros (ou 4,5% do PIB), em comparação com uma média de 405 mil milhões de euros desde 2001 (ou uma proporção média de 4,4% do PIB).

“A mensagem transmitida pela concessão de empréstimos é consistente com a dinâmica dos preços dos imóveis observada nos últimos anos, bem como com a percepção dos bancos sobre a dinâmica dos empréstimos, reportada no inquérito sobre empréstimos bancários. De acordo com essa análise, tanto os critérios de crédito como a procura por empréstimos têm apoiado a dinâmica dos empréstimos hipotecários há vários anos, uma situação não observada desde o período pré-crise”, acrescentou.

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