O deputado único do Livre, Rui Tavares, apelou hoje para que seja recuperada “uma parte do espírito da ‘geringonça’” e que se deixe de lado culpas, alertando para a possibilidade de “riscos políticos”, numa alusão ao crescimento da extrema-direita.
“No início deste debate eu disse que os riscos políticos de falharmos no diálogo e no compromisso nesta câmara não eram menores do que riscos económicos. E creio, olhando aqui para a esquerda do parlamento, para todos os partidos da esquerda nos quais nos filiamos e que reconheço, que se não recuperamos uma parte do espírito da ‘geringonça’, deixando agora de lado de quem são as culpas de ele se ter perdido, os riscos políticos, que veremos crescer nos próximos anos, e que já se estão ali a manifestar, serão muito grandes”, alertou.
O deputado único do Livre, que se vai abster na votação final global, falava na sessão de encerramento do debate sobre Orçamento do Estado para 2023 (OE2023) e ao deixar este apelo ouviram-se alguns protestos vindos da bancada do Chega.
Durante a sua intervenção, Rui Tavares afirmou que 2023 vai ser “um ano duro”, à semelhança de 2022, e avisou que “o que se espera dos decisores em políticas públicas é que possam fazer o que for possível ao seu alcance” para que o próximo ano “possa ser menos duro”.
Na opinião do Livre, a estratégia orçamental no contexto atual “deve optar por ter a responsabilidade social como elemento essencial também de responsabilidade orçamental”, deixando críticas à estratégia do Governo por dar “uma prioridade demasiado grande” à diminuição da dívida pública, apesar de compreender a sua importância.
No entanto, apesar destas críticas, Rui Tavares destacou na sua intervenção várias das 25 propostas de alteração que o partido conseguiu ver aprovadas pela maioria socialista, dizendo que o partido adotou como “estratégia na especialidade fazer alterações concretas, práticas e com impacto positivo nas condições de vida dos cidadãos” e que se decidiu pela abstenção depois de “uma análise interna e intensa” do Livre.
Entre estas medidas aprovadas está a criação de um Passe Ferroviário Nacional para comboios regionais e o Livre vai estudar a hipótese de o estender “a outros comboios e outras modalidades de transporte”.
A deputada única do PAN anunciou hoje que se vai abster na votação final global do Orçamento do Estado para o próximo ano (OE2023) e defendeu que as opções do Governo “apesar de trazerem avanços, contêm defeitos e insuficiências”.
O mesmo sucederá, aliás, com o PAN. Na intervenção no encerramento do debate do OE2023, Inês de Sousa Real defendeu que, “para o PAN, fazer a diferença passa por, nas opções orçamentais que vão reger a vida do país no próximo ano, tentar inscrever a sua marca”.
“Fizemo-lo com a consciência tranquila de quem não teve de deixar cair bandeiras ou não teve de abdicar dos seus princípios fundamentais”, apontou, salientando algumas das propostas que viu aprovadas.
A porta-voz do PAN afirmou, no entanto, que “o caminho não deveria ficar por aqui” e que indicou que não confunde “a abertura negocial com o PS com uma adesão cega a um orçamento e opções políticas que, apesar de trazerem avanços, contêm defeitos e insuficiências que estão longe de dar às pessoas, ao ambiente e aos animais a resposta que precisavam”.
“É por isso que o PAN mantém a sua votação inicial de abstenção porque há um caminho a fazer, mas não nos demitimos do nosso papel responsável enquanto força política do espetro democrático”, anunciou.
Notícia atualizada às 12h54
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