O Banco de Portugal pagou um dividendo de 238 milhões de euros ao Estado, em linha com o previsto no Orçamento do Estado. Esta distribuição é possível depois de ter terminado 2022 com um resultado líquido de 297 milhões de euros, menos do que os 508 milhões de euros obtidos no ano anterior.
O valor entregue ao Estado sobe para 371 milhões se se contabilizar o imposto sobre o rendimento corrente, de acordo com o relatório do conselho de administração de 2022 apresentado esta quarta-feira pelo regulador liderado por Mário Centeno.
No relatório de estabilidade financeira apresentado no final do ano passado, o Banco de Portugal já tinha afirmado que haveria uma “redução muito substancial” dos dividendos a distribuir nos próximos anos. Em 2021, entregou 406 milhões de euros ao Estado.
Esta quarta-feira, o relatório do conselho de administração mostra que, no final de 2022, o balanço do regulador totalizava 198 mil milhões de euros, menos 21 mil milhões de euros do que no final de 2021, “interrompendo o ciclo de crescimento verificado nos últimos sete anos”, refere.
Esta evolução, diz, “traduziu, principalmente, a diminuição do financiamento às instituições de crédito, promovida pela alteração da política monetária da área do euro”.
Já o resultado antes de provisões e impostos (RAPI) foi de 668 milhões de euros, menos 73 milhões de euros do que em 2021, devido ao impacto da subida acentuada das taxas de juro a partir do segundo semestre do ano.
Por outro lado, o “aumento dos resultados com operações financeiras no âmbito dos ativos de gestão (de 159 milhões de euros, mais 84 milhões de euros do que em 2021) e o resultado extraordinário da última prescrição de notas de escudos (94 milhões de euros) deram contributos positivos”, indica o Banco de Portugal.
O regulador indica que a margem de juros, que continuou a ser a principal componente da demonstração de resultados, caiu 95 milhões de euros para 582 milhões de euros, mantendo a tendência de descida verificada desde 2018.
Em 2022, os gastos de funcionamento aumentaram 0,4% para 196 milhões de euros, o que reflete, explica o Banco de Portugal, a política de racionalização e contenção de despesas.
Regulador prepara-se para resultados negativos
O regulador refere que, “considerando que o risco de estrutura de balanço poderá continuar a materializar-se nos próximos anos”, decidiu reforçar a provisão para riscos gerais em 235 milhões de euros.
Este reforço foi feito para “tentar responder à perspetiva de resultados negativos futuros que o Banco de Portugal e todos os bancos centrais na Europa vão enfrentar”, afirmou Mário Centeno na conferência de imprensa para apresentar o relatório.
“Perspetiva-se que a provisão para riscos gerais seja suficiente para cobrir eventuais perdas nos próximos anos ao longo do processo de normalização da política monetária”, referiu ainda o governador do Banco de Portugal.
Neste período, o regulador também beneficiou da valorização das reservas de ouro. “A reserva de ouro do Banco de Portugal ascendia a 20 986 milhões de euros no final de 2022, um acréscimo de 1.189 milhões de euro face ao valor registado em 2021, resultado da evolução positiva da cotação da onça de ouro em euros”, indica.
Notícia atualizada às 11:41
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com