[weglot_switcher]

Livro: “Um Peregrino de Angkor”

Pierre Loti, oficial da marinha francesa tornado escritor, cumpriu um sonho 35 anos depois de “ver” pela primeira vez as torres de Angkor. A Livros de Bordo lança agora aquele que é considerado um dos seus mais belos relatos de viagem.
17 Junho 2023, 11h29

No dia 10 de junho cumpriram-se 100 anos sobre a morte de Pierre Loti, na cidade francesa de Hendaia, na fronteira com Espanha, a pouco quilómetros de San Sebastián.

Coincidência ou não, acaba de ser editado pela Livros de Bordo “Um Peregrino de Angkor”, com tradução de Diogo Faria, relato do escritor e viajante francês pelo então território administrado pelo seu país.

 

 

Angkor faz parte da lista do Património Mundial da UNESCO desde 1992. Foi a capital do Império Quemer, o maior do sudeste asiático, entre os séculos IX e XV, que abrangia grande parte dos atuais Camboja, Laos, Tailândia e Vietname.

Durante um tempo, os franceses propagaram a ideia de que teria sido o seu compatriota Henri Mouhot (1826-1861) a “descobrir” o local arqueológico. Contudo, nem este estava perdido, nem era desconhecido. Por lá já tinham passado, por exemplo, o diplomata chinês Zhou Daguan (c. 1270 – ?), que aí viveu durante um ano, ou os missionários portugueses no século XVI, como Frei Gaspar da Cruz e Silvestre de Azevedo.

Foi o declínio do império e a perda de território após guerras, nomeadamente com o Reino de Sião (hoje, Tailândia), que foi levando ao abandono da zona, que é atualmente um parque arqueológico – e a maior atracção turística do Camboja –, perto de Siem Reap, a cerca de 320 km da capital, Phnom Penh.

Partindo de Saigão, hoje, Ho Chi Minh, no sul do Vietname, em novembro de 1901, Pierre Loti demora cinco dias a avistar as primeiras torres: “Oh! Reconheci-as de imediato, são mesmo aquelas da velha imagem que outrora tanto me perturbara, numa noite de Abril, no meu museu de criança… Estou, portanto, na presença da misteriosa Angkor!”. Cumpria um sonho com 35 anos.

Nascido Louis-Marie-Julien Viaud, em Rochefort, em 1850, Pierre Loti tornou-se oficial da marinha francesa. Foi precisamente a sua carreira naval, aliada ao facto de manter um diário pormenorizado de todas as suas escalas, então (e algumas ainda nos dias de hoje) consideradas exóticas – e foram muitas: Singapura, Rangum, Ilha da Páscoa, Oboque (cidade portuária, hoje no Djibuti), Mascate (capital de Omã), entre tantas outras – que lhe permitiram tornar-se um grande escritor, poeta e viajante.

Para além dos relatos de viagem – de entre os quais este “Um Peregrino de Angkor” é considerado um dos mais belos –, escreveu ficção, inúmeros artigos de jornal, reportagens e discursos, tendo sido eleito membro da Academia Francesa em 1891.

Eis a sugestão de leitura desta semana da livraria Palavra de Viajante.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.