Com 45% do total de estudantes na vertente do ensino e formação profissional, Portugal ocupa a 19.º posição na Europa, atrás de países como a República Checa (73%), Finlândia (71%), Croácia e Áustria (70%), Holanda e Eslováquia (69%), Eslovénia (67%) e Suíça (65%).
Esta comparação traduz a aposta (ou falta dela) do país no ensino profissional e consta de um estudo do portal EDULOG, da Fundação Belmiro de Azevedo, divulgado esta quarta-feira, 14 de junho.
Eis o retrato:
1) A maioria dos estudantes que frequentaram cursos científico-humanísticos (32%) proveem de famílias onde o ensino superior é a escolaridade dominante, enquanto apenas 9% dos alunos dos cursos profissionalmente qualificantes têm origem em famílias com ensino superior. A maioria está inserida em níveis de escolaridades inferiores.
2)A percentagem de jovens que se inserem no mercado de trabalho após a conclusão do curso é muito maior nos cursos profissionalmente qualificantes do que nos cursos científico-humanísticos. Já a percentagem de jovens que registam seis meses ou mais, após o final do curso para se inserirem no mesmo é maior do que os jovens dos cursos científico-humanísticos.
O estudo do EDULOG identificou três perfis de estudantes. 1) estudantes com historial de baixo desempenho académico – grupo dominante; 2) alunos com um histórico de bom desempenho escolar e motivados pelo ensino aplicado, a aprendizagem de uma profissão e a perspetiva de empregabilidade; 3)estudantes que não pretendem ou ponderam entrar no mercado de trabalho e estão orientados para prosseguir estudos.
A idade, as notas e o sítio também têm influência
A análise levada a cabo pelo EDULOG mostra 1) uma maior tendência para os alunos prosseguirem os estudos quando a conclusão do curso profissional ocorre nas faixas etárias mais jovens.
2)De igual modo, observa-se que há uma maior propensão para prosseguir estudos, seja de forma exclusiva ou a trabalhar em simultâneo, nos alunos que terminam o curso com uma média mais elevada.
3)A maioria dos alunos é oriunda de famílias em que os tutores são trabalhadores por conta de outrem, e os que prosseguem estudos, após a conclusão do ensino profissional, têm tutores mais escolarizados, comparativamente aos demais.
4)Os alunos do ensino profissional que vivem em zonas de maior densidade populacional têm mais probabilidade de serem bem-sucedidos, tanto nos percursos profissionais como académicos.
“Deve ser feito um esforço por parte de todos os agentes para se evidenciar as mais-valias desta formação e o horizonte efetivo de empregabilidade que ela proporciona”, considera David Justino, membro do Conselho Consultivo do EDULOG, antigo ministro da Educação.
A oferta
Entre 2018 e 2021, segundo o estudo, mais de metade dos cursos oferecidos em Portugal pertence a apenas três áreas de estudo – Serviços, Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção e Saúde e Proteção Social. Por outro lado, os cursos nas áreas das Ciências Informáticas, da Hotelaria e da Restauração representam um terço do total da oferta formativa profissional. As áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto concentram 40% do total de cursos profissionais existentes. Do total de cursos profissionais disponibilizados por todo o país, este trabalho de investigação releva ainda que mais de três quartos dos cursos (81,5%) são destinados ao sector terciário, 16,6% ao setor secundário e apenas 1,9% ao primário.
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