“Não creio que haja grandes possibilidade de fazer, de um ponto de vista substancial, alterações às prioridades da presidência espanhola”, considerou o investigador do European Policy Centre em declarações à Lusa.
A presidência espanhola do Conselho da UE vai arrancar no início de julho e tem uma duração de seis meses, como todas as presidências rotativas.
Esta presidência vai começar com um Governo encabeçado por Pedro Sánchez, do PSOE, e poderá acabar com um do outro lado do espetro político, uma vez que há eleições legislativas no dia 23 de julho.
Contudo, o diretor associado e chefe do programa “Europa no Mundo” acredita que pouco ou nada alterará na trajetória europeia.
A gestão da presidência é feita pelo executivo em funções, mas “é Espanha que está responsável” pela presidência do Conselho da UE: “Não está tanto para representar os interesses de Espanha, mas para tentar encontrar consensos e acabar processos legislativos que a presidência sueca [que vai ser concluída no final de junho] não conseguiu.”
E essas prioridades, acrescentou o analista, continuarão para as presidências belga e húngara, em 2024.
“Pode haver nomes diferentes, mas é quase a mesma coisa: alterações climáticas, o Pacto Ecológico Europeu, a competitividade, a política industrial, a autonomia estratégica”, completou.
Na ótica de Ricardo Borges de Castro “há uma engrenagem que continua a funcionar”, independentemente de alterações ao panorama político de cada Estado-membro.
Uma transição política em Espanha depois de 23 de julho, também vai estar dependente da existência de “uma maioria estável”, e há questões que são “do interesse” de todas as forças políticas espanholas.
Para Espanha, justificou, vai ser, possivelmente, a cimeira com os países da América Latina: “Não creio que um Governo do PP fosse mudar isso.”
“É natural que haja eleições nos nossos Estados-membros e também há a vantagem de haver uma estrutura no Conselho que gere toda a parte burocrática e administrativa e que consegue assegurar a continuidade”, ressalvou.
No máximo, Ricardo Borges de Castro admite que um Governo com prioridades nacionais diferentes das seguidas pelo atual executivo possa “dificultar um ou outro dossier, mas se a máquina estiver oleada” a trajetória continuará a mesma.
Uma mudança no quadro político espanhol “não é o ideal”, finalizou, é necessário desdramatizar e “a União Europeia não para por causa disso”, sustentou.
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