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França prepara-se para mais uma noite de forte violência

Vão estar 45 mil polícias a patrulhar uma noite que, como as precedentes, se prevê violenta em algumas cidades do país. França, Lyon e Marselha, onde as comunidades étnicas são especialmente numerosas, têm contingente de segurança reforçado.
1 Julho 2023, 19h59

Com as autoridades de segurança claramente incapazes de controlarem a violência que se instalou há três dias em diversas cidades e regiões francesas, está tudo preparado para mais uma noite que se prevê de forte agitação. Desta vez, serão 45 mil os polícias que vão tentar conter a ira patrocinada pela morte de Nahel M – que foi sepultado este sábado – com reforço em cidades ou regiões onde as comunidades étnicas estão mais representadas. Paris, Lyon e Marselha estão no topo.

Apesar dos esforços desta sexta-feira e das decisões do gabinete de crise criado para responder à onda de violência, a noite passada foi novamente marcada pelos confrontos, pelos incêndios e pelas detenções. A tal ponto, que o presidente, tal como era esperado, acabou mesmo por cancelar a viagem de domingo a Berlim – cancelamento esse que permite inferir-se sobre a gravidade da situação.

Nahel M. foi sepultado este sábado em Nanterre, na presença de milhares de pessoas que vieram prestar-lhe uma última homenagem, revela a comunicação social francesa. Para o último tributo a Nahel M. a Mesquita Ibn Badis em Nanterre era pequena demais para conter a multidão. Várias centenas de fiéis, homens de um lado, mulheres do outro, rezaram na via da Avenida Georges-Clemenceau, fechada ao trânsito pelos serviços municipais. A imprensa, a pedido da família, manteve-se afastada e as câmaras permaneceram desligadas.

Vários milhares de pessoas, às vezes de longe, prestaram suas últimas homenagens ao adolescente morto na terça-feira por um policia após uma recusa em cumprir uma operação stop. Os habitantes da cidade oscilam entre o desânimo, a compreensão e o medo de novos tumultos.

Para além do pandemónio a que o mundo assiste em direto – talvez a grande diferença mediática em relação a Maio de 68 (além dos motivos, evidentemente) – Macron está a ser ‘derretido na fogueira’ da política interna, com todos os partidos da oposição a aproveitarem para produzirem fortes críticas ao executivo.

Parece cada vez mais certo que as consequências políticas da violência acabarão, quando ela passar, por incidir sobre a sobrevivência de alguns ministros. Para além dos óbvios, aqueles que têm as pastas ligadas à segurança interna, o peso está também sobre a própria primeira-ministra, Élisabeth Borne. A sua única tábua de salvação reside no facto de a França ser um país profundamente presidencialista, o que quer dizer que o primeiro culpado é sempre, em primeiro lugar, quem estiver a viver no Palácio do Eliseu.

Entretanto, vários jovens foram condenados este sábado em Bobigny e Paris por se aproveitarem dos motins para saquearem lojas de marcas ou supermercados. No centro de Paris, na noite de quinta para sexta-feira, várias marcas sentiram o que estar em Paris sitiada. A imponente loja da Nike em Les Halles foi saqueada em 25 minutos por 30 a 50 pessoas, diz o presidente do tribunal criminal, citado pelos jornais franceses. Os danos ainda não foram determinados, mas 200 pares de sapatos desapareceram, de acordo com uma contagem inicial.

 

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