A guerra entre Mark Zuckerberg e Elon Musk ganhou uma nova frente de batalha com o lançamento esta quarta-feira um desafio direto ao Twitter: tirando partido uma série de decisões duvidosas por parte de Musk, Zuckerberg lançou o Threads, uma aplicação que angariou milhões de utilizadores em poucas horas. A plataforma incluiu celebridades como Kim Kardashian e Jennifer Lopez, bem como políticos de topo – como a deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez.
“Vamos em frente isso. Bem-vindo ao Threads”, escreveu Zuckerberg no primeiro post no aplicativo, a que juntou um emoji de fogo. A aplicação registou dez milhões de inscrições em sete horas. Usando o ‘campo inimigo’, Zucherberg postou no Twitter um meme conhecido do Homem-Aranha enfrentando o Homem-Aranha – em uma alfinetada bem-humorada na rivalidade com Musk, dizem os especialistas em alfinetadas.
Os especialistas entraram rapidamente em ação e explicaram que a ligação entre o Threads e o Instagram pode dar à nova aplicação uma base de utilizadores integrada – sendo por outro lado um poderoso indutor de publicidade, capaz de desviar milhões de dólares de patrocínios que neste momento estão no Twitter.
Segundo a Reuters, embora o Threads tenha sido lançado como um aplicativo autónomo, os utilizadores podem fazer login usando as suas credenciais do Instagram e seguir as mesmas contas, o que alinha os dois sistemas um atrás do outro tendo em vista os dois mil milhões de contas ativas no Instagram.
“Os investidores não podem deixar de ficar animados com a perspetiva de que a Meta (de Zuckerberg) tenha criado um ‘assassino do Twitter'”, disse Danni Hewson, analista da consultora AJ Bell, citada pela Reuters.
O Threads está também a ser visto como uma versão menos tóxica do Twitter. “Que esta plataforma tenha boas vibrações, uma comunidade forte, excelente humor e menos assédio”, disse Ocasio-Cortez, tida como uma esquerdista no seio dos democratas norte-americanos, no seu primeiro post.
Tal como o Twitter, o Threads apresenta postagens de texto curtas que os utilizadores podem gerir com facilidade, embora não inclua recursos de mensagens diretas. As postagens podem ter até 500 caracteres e incluir links, fotos e vídeos de até cinco minuto. Já está disponível em mais de cem países na App Store da Apple e na Play Store do Google.
A chegada de Threads ocorre depois de Zuckerberg e Musk terem passado os últimos meses a trocar ‘simpatias’ – que de qualquer modo ‘cheiram’ mais a uma operação de marketing em benefício comum, depois de terem colocado a hipótese de se enfrentarem publica e fisicamente em Las Vegas num combate de artes marciais. Enquanto esse combate não chega – para mal das expectativas das casa de apostas – o combate vai centrar-se na frente publicitária, que é onde as coisas doem a sério.
Musk comprou o Twitter por 44 mil milhões de dólares em outubro passado – depois de uma novela que ainda há de resultar num filme de Hollywood – mas o seu valor caiu a pique desde então, uma vez que o novo dono tratou de despedir (por mail) milhares de colaboradores, ao mesmo tempo que, não a proibindo, incentivou a presença do lado mais sórdido da alma humana, afastaram utilizadores e anunciantes. A sua última medida envolveu limitar o número de tweets que os utilizadores podem ler por dia – no que foi considerado por alguns um atentado grave à liberdade de expressão.
Zuckerberg observou tudo à distância e percebeu que as mudanças introduzidas por Musk criaram espaço para o aparecimento de um concorrente que de algum modo fizesse regressar a ´pureza’ inicial deste tipo de aplicações. “Acho que deveria haver uma aplicação de conversas públicas com mil milhões ou mais de pessoas. O Twitter teve a oportunidade de o fazer, mas não acertou em cheio. Tomara que sim”, escreveu.
Os utilizadores do Instagram que se inscreverem automaticamente no Threads têm um selo afixado em seu perfil – por certo uma espécie de cerificação de qualidade – mas podem optar por ocultá-lo. Também podem escolher diferentes configurações de privacidade para cada uma das aplicações.
Marcas como Billboard, HBO, NPR e Netflix criaram contas poucos minutos após o lançamento do Threads. A Meta recorrer a influenciadores de media social para atrair atenção e utilizadores para a sua nova aplicação, incentivando-os a postar pelo menos duas vezes por dia. Mas aquilo que mais atrai as atenções parece ser mesmo o nome Zuckerberg – só assim se compreendendo o sucesso instantâneo (daí a luta em Las Vegas, com certeza) face a concorrentes que não conseguiram ainda ter qualquer importância, como são os exemplos da Mastodon, Post, Truth Social e T2. Outro exemplo: o Bluesky, uma nova plataforma apoiada pelo cofundador do Twitter, Jack Dorsey, foi lançada em fevereiro e até agora só conseguiu agregar cerca de 50 mil inscritos.
Mas os analistas recordam que a Meta regista várias falhas no lançamento de aplicações do género no passado – como é o exemplo da Lasso, destinado a competir com o rival de vídeos curtos TikTok, mas que até agora está noutro campeonato.
Zuckerberg respondeu a um utilizador que previu o fim do Twitter cerca de uma hora após o lançamento do Threads: “Estamos apenas nos momentos iniciais do primeiro assalto aqui”, disse. Venha Las Vegas!
As ações da Meta fecharam em alta de 3% na quarta-feira, superando os ganhos de empresas de tecnologia rivais.
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