Quase um quarto da população portuguesa tem hoje 65 anos ou mais e essa fatia ainda vai subir. A previsão é da Pordata, que sublinha que a inversão da pirâmide demográfica é “um dos maiores desafios do século XXI”. No Dia Mundial da População, a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos aproveita para retratar a geração com, pelo menos, 65 anos, chegando à conclusão, por exemplo, que cerca de meio milhão de portugueses dessa faixa etária vivem sozinhos.
“A inversão da pirâmide demográfica é um dos maiores desafios do século XXI da generalidade dos países europeus e, também, de Portugal, onde o peso da população idosa duplicou nos últimos 36 anos – hoje, 24% da população portuguesa tem 65 anos ou mais”, sublinha esta terça-feira a Pordata.
E acrescenta: “o futuro das economias e sociedades europeias depende da forma como se enfrentará esta questão no curto prazo, importando, por isso, analisar esta tendência e, também, as condições em que a população mais idosa vive atualmente.”
Com este mote em mente, a Pordata reuniu uma série de estatísticas que retratam a geração com 65 anos e mais: que rendimentos têm? Estão satisfeitos com a sua vida? E com que níveis de escolaridade contam?
Antes de mais, importa realçar que 57% das pessoas com, pelo menos, 65 anos em Portugal são do género feminino, sendo que, nesse grupo, a idade média é de 76,1 anos. Entre elas, 13% tem o ensino secundário completo, 6% ainda trabalham (até porque a idade de acesso à pensão está hoje em 66 anos e quatro meses) e 68% dizem-se satisfeitas com as suas vidas.
Em contraste, entre eles (43% da população com mais de 65 anos é do género masculino), a idade média é 74,8 anos e a fatia daqueles que têm o ensino secundário completo é de 16%. Mais, 14% ainda trabalham e 76% dizem-se satisfeitos com as suas vidas, revela a Pordata.
A estes dados, somam-se ainda os seguintes: mais de meio milhão de idosos vivem hoje sozinhos em Portugal (cerca de 25% do total, sendo que são sobretudo as mulheres que estão nessa situação); Para cerca de 90% das pessoas com 65 ou mais anos, a reforma ou pensão é a principal fonte de rendimento; E mais de 400 mil indivíduos encontram-se em risco de pobreza, “vivendo com, no máximo, 551 euros por mês”.
Quanto à distribuição geográfico, é no interior que se encontra a população mais envelhecida. Em Alcoutim, quase metade da população (46%) tem 65 anos ou mais. Nas regiões autónomas, destaca-se o concelho da Ribeira Grande, em São Miguel, com 11% da população acima dos 65 anos.
Além disso, o número de pessoas a atingir os 100 anos aumentou 77% na última década: em 1994, só 754 chegaram a esse marco etário, número que compara com os 2.940 indivíduos que o conseguiram em 2022. E a Pordata estima que mais de 10 mil pessoas chegaram aos 100 anos em 2050.
Portugueses envelhecem bem?
As estatísticas da Pordata permitem também perceber se os portugueses estão ou não a envelhecer bem e os dados não são os mais animadores.
Ora, cerca de 30% consideram estar em mau estado de saúde, acima da média comunitária de 19%. Mais, 65% das pessoas dos 65 aos 74 anos e 58% de quem tem, pelo menos, 75 anos têm excesso de peso ou obesidade. E menos de 20% praticam exercício físico todos os dias.
Quanto à participação na sociedade, só 28% fizeram turismo dentro ou fora de Portugal e menos de 20% visitaram locais de interesse cultural em 2022.
“O envelhecimento da população sugere a importância de manter o emprego por mais tempo”, destaca a Pordata. Em Portugal, 8,9% das pessoas com, pelo menos, 65 anos continuam empregadas, sendo as principais áreas o comércio (17%), a indústria (11%) e a saúde (11%).
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