EDP Brasil vai agora sair da bolsa de São Paulo, Ibovespa, conforme planeado.
1º EDP: A empresa liderada por Miguel Stilwell mantém a liderança das marcas valiosas, com um valor de mercado de 2,4 mil milhões de euros, apesar de ter desvalorizado 4%.
O CEO da EDP congratulou-se com a conclusão da Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a EDP Brasil que vai permitir retirar a empresa de bolsa, tal como o JE revelou em primeira mão ao início da noite de terça-feira.
“Com este resultado, damos um passo importante na concretização da nossa estratégia, comunicada este ano no Capital Markets Day, permitindo a simplificação da nossa estrutura empresarial, criando e capturando mais valor resultante de uma presença mais integrada do grupo no mercado brasileiro”, disse em comunicado Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP.
Do total de 246 milhões de ações que estavam nas mãos dos minoritários, 186 milhões aceitaram vender, um milhão mostrou-se contra, com 10% a não pronunciarem-se. Por a operação ter sido aprovada, estes 10% têm agora três meses para vender as ações. Segundo nº1 do artigo 21 da Instrução CVM nº 361/02, as ações dos acionistas que não se manifestaram expressamento contrários ao cancelamento ou não se habilitaram para o leilão da OPA, não serão consideradas ações em circulação para fins de atingimento do quórum mínimo necessário à aprovação do cancelamento, conforme explicou ao JE Mário Martins da ActivTrades Brasil.
“Ficou em linha com o que o grupo EDP estava à espera. Agora termina a operação, com as duas coisas a acontecer ao mesmo tempo: formalizar a saída de bolsa e a aquisição das ações”, disse o responsável.
No comunicado divulgado na CMVM, durante a madrugada desta quarta-feira, o grupo detalha a operação: “Como resultado do Leilão, a EDP adquiriu 185.169.240 ações ordinárias de emissão da EDP Brasil, que representam 31,86% do seu capital social total. As ações foram adquiridas pelo preço de 23,73 reais [4,42 euros] totalizando o valor de 4.394.066.065,20 reais [819,08 milhões de euros]. Com a liquidação do Leilão, que ocorrerá em 14 de julho de 2023, remanescerão em circulação 55.699.225 ações ordinárias de emissão da EDP Brasil, que representam 9,58% do seu capital social total. Considerando a aquisição realizada no Leilão, a EDP passará a deter 510.895.234 ações ordinárias de emissão da EDP Brasil, que representam 87,91% do seu capital social total”.
“Tendo sido alcançado o quórum para Conversão de Registo (…) e, consequentemente, o quórum para Saída do Novo Mercado (…) serão tomadas as medidas necessárias para a Conversão de Registo da EDP Brasil e exclusão de negociação das suas ações da B3, sendo que as ações ordinárias de emissão da EDP Brasil passarão a ser negociadas no segmento básico da B3 a partir de 12 de julho de 2023 até à efetiva Conversão de Registro”, segundo a companhia.
“Os acionistas que não alienaram as suas ações durante o Leilão e desejarem vendê-las à EDP poderão fazê-lo por meio de negociações na B3, até à data da efetiva da Conversão de Registo ou durante o período de três meses seguintes ao Leilão, ou seja, até 11 de outubro de 2023, mediante pedido apresentado ao Escriturário (Itaú Corretora De Valores), observado o procedimento descrito no item 8.1.1 do Edital, incluindo no que respeita à data de pagamento”, acrescenta o comunicado.
O grupo EDP adianta que “esta OPA e a saída da B3 fazem parte da estratégia do grupo para acelerar e reforçar a posição da EDP no Brasil, um mercado chave no qual irá investir 3,5 mil milhões de euros até 2026, reforçando os seus ativos de rede, expandindo o portfólio de renováveis e oferecendo aos seus clientes soluções competitivas e inovadoras”.
O Plano de Negócios da EDP para 2023-2026 prevê um investimento de 25 mil milhões de euros a nível global, dos quais 85% em energias renováveis e 15% em redes, de acordo com a companhia liderada por Miguel Stilwell de Andrade. “Com operação em 4 hubs estratégicos (Latam, Europa, América do Norte e APAC), o grupo aumentará para 4,5 GW a adição anual de nova capacidade renovável, reiterando o seu compromisso de ser neutro em carvão até 2025, 100% verde até 2030 e neutra em carbono até 2040 (objetivo validado pela SBTi)”.
A liquidação vai ter lugar no dia 14 de julho.Se a EDP ficasse aquém dos 80% do controle da EDP Brasil, seria obrigada a lançar uma nova OPA. Neste caso, ultrapassados a barreira de 80% por larga maioria, a companhia fica com via verde para retirar a subsidiária de bolsa, conforme pretendido.
A EDP – Energias do Brasil conta com 2,7 gigawatts (GW) de capacidade instalada, um EBITDA de 5,3 mil milhões de reais (992 milhões de euros) em 2022, está presente em 15 estados, com 3.300 trabalhadores, e 3,8 milhões de clientes nos estados de São Paulo e de Espírito Santo.
A EDP ofereceu um preço de 23,63 reais por ação (4,42 euros), um prémio de 22,3% face ao preço de fecho anterior a 1 de março, data do anúncio do lançamento da OPA. A oferta atinge um total de 5.715 milhões de reais (1.070 milhões de euros).
“A transação tem como objetivo a simplificação da estrutura corporativa e organizacional da EDP, conferindo assim maior flexibilidade na gestão financeira e operacional das suas operações no Brasil, e alinhado com a sua estratégia de foco em energias renováveis e redes de eletricidade”, anunciou a EDP no lançamento da OPA.
A EDP realizou um aumento de capital este ano no valor de mil milhões de euros com o objetivo de financiar a OPA, com a China Three Gorges (a maior acionista da elétrica), a Lisson Grove Investment Pte, fundo soberano de Singapura, e uma afiliada da Abu Dhabi Investment Authority, fundo soberano deste emirado, a assegurar até 600 milhões de euros.