[weglot_switcher]

Mercado português das tecnologias da informação desacelera para 0,8% em 2023

O investimento nesta área deverá atingir o total de 5,3 mil milhões de euros até ao final do ano, prevê a consultora International Data Corporation.
28 Setembro 2023, 14h13

O mercado das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) em Portugal vai desacelerar para um crescimento de apenas 0,8% este ano, o que represente um investimento de 5,3 mil milhões de euros, prevê a International Data Corporation (IDC). A estimativa foi apresentada esta quinta-feira, no âmbito da 26ª edição da conferência “IDC Directions” e surge após dois anos – 2021 e 2023 – de crescimentos anuais expressivos (17,8% e 4,4%, respetivamente).

A motivar este abrandamento está, segundo os analistas desta consultora tecnológica, o ajuste nas vendas de computadores e outros equipamentos eletrónicos, como tablets, wearables, telefones e monitores, bem como a cautela nalguns investimentos por causa do aumento das taxas de juros e do contexto de incerteza económica mundial.

Ou seja, a febre dos gastos em hardware que se verificou na pandemia é algo que ficou no passado, porque há menos disponibilidade financeira para investir e menos também para adquirir. Ainda assim, a aposta em soluções digitais mais ligadas à automação e machine learning conseguiu manter a trajetória de crescimento em 2023.

Outra das conclusões a que a IDC chegou é que mais de 70% dos investimentos tecnológicos serão feitos em tecnologias da chamada Terceira Plataforma (cloud computing, Big Data, cibersegurança e Inteligência Artificial – IA), que depois se alavancarão ao ponto de fazer com que, entre 2022 e 2025, os investimentos diretos em transformação digital tenham crescimentos anuais a dois dígitos (cerca de 14,5%).

“A inovação é a única forma de conseguirmos mudar o status quo, de criar valor e resolver problemas, até mesmo em contextos financeiros e geopolíticos adversos, tais como, a inflação e a guerra. Por essa razão, acreditamos que a transformação digital vai representar 50% de todo o investimento nacional em TIC, até o final de 2025, em Portugal”, diz o country manager da IDC Portugal e vice-presidente do grupo de consultoria tecnologia.

Para Gabriel Coimbra “os decisores de topo reconhecem que, em determinado momento, as transformações devem ser substituídas por uma meta maior e mais significativa a longo prazo, ou seja, por negócios digitais que vão permitir responder de forma eficiente às necessidades quer dos clientes, cidadãos, fornecedores e parceiros”.

Há, essencialmente, três áreas core: a cloud (armazenamento na nuvem), a cibersegurança e a IA. O cloud computing, como é o modelo de consumo de referência, porque reúne todas as soluções tecnológicas, deverá atingir os 855 milhões de euros em 2023, mais 20,6%, de acordo com os cálculos da IDC. Para a segurança de informação – que representa 7,5% do orçamento anual para TIC nas empresas – serão outros 302 milhões de euros em 2023 (+13,9%). Na analítica e dados, a IDC acha que as organizações vão canalizar um investimento de 370 milhões de euros, este ano (+11,3%).

“Acreditamos que vamos assistir a um consolidar da Cloud como modelo de entrega ao nível das soluções tecnológicas. As organizações nacionais estão empenhadas em fazer a transição para uma economia cada vez mais digital e, nessa transformação, os serviços de cloud revelam um incremento substancial”, explica Gabriel Coimbra, que fez o discurso de abertura e boas-vindas do “IDC Directions 2023”.

“Nos últimos anos têm ocorrido vários ataques informáticos o que alertou as organizações para este tema. Além disso, é expectável que estes ataques se mantenham e, como tal, as organizações precisam de encontrar soluções que protejam os seus dados”, acrescentou o gestor.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.