O número de insolvências em Portugal deverá aumentar 19% no próximo ano, de acordo com o Relatório Global de Insolvências da Allianz Global, que lista várias previsões para este ano e para o próximo.
“A diminuição das receitas das empresas está a ganhar força num contexto de menor poder de fixação de preços e de uma procura mundial mais fraca. A partir do segundo trimestre de 2023, o recuo das receitas foi generalizada em todas as regiões pela primeira vez desde meados de 2020 (-1,9% y/y)”, explica a Allianz Global numa nota enviada à imprensa a propósito da divulgação do relatório.
“Esta situação, combinada com a persistência de custos elevados, está a reduzir a rentabilidade. Consequentemente, as posições de liquidez estão a piorar rapidamente e não é provável que melhorem antes de 2025.
Globalmente, não obstante a ligeira recuperação de 1% registada ano passado, as insolvências deverão crescer 6% ainda este ano e 10% em 2024, refere a seguradora no mesmo boletim.
“As empresas ainda têm uma quantidade considerável de fluxo de caixa – 3,4 biliões de euros na Zona Euro e 2,5 biliões de dólares nos EUA. Mas estas reservas permanecem altamente concentradas nas mãos de grandes empresas e em sectores específicos, como a tecnologia e o consumo discricionário. E, geralmente, a maioria das empresas não consegue aumentar as suas posições de tesouraria através de operações no contexto de um crescimento económico mais baixo ou mais longo. Em suma, esperamos duas acelerações nas insolvências de empresas a nível mundial, com +6% em 2023 e +10% em 2024, após +1% em 2022”, explica Aylin Somersan Coqui, CEO da Allianz Trade, cujas declarações surgem no relatório.
Por sectores, a Allianz lista a hotelaria, os transportes e o comércio retalhista entre os mais vulneráveis a estes fatores; por outro lado, a construção, onde as obras em atraso estão quase concluídas, sobretudo no segmento residencial, regista uma recuperação célere.
Citado no mesmo documento, Maxime Lemerle, analista do Insolvency Research, explica que, “em simultâneo, as taxas de juro mais elevadas estão a reduzir a procura em sectores como o imobiliário e os bens duradouros, e começarão a pressionar a solvência em setores altamente endividados, como os serviços públicos e as telecomunicações, para além do imobiliário, em ambos os lados do Atlântico.
“Além disso, o WCR global situa-se atualmente num nível recorde de 86 dias, mais de 2 dias acima dos níveis anteriores à pandemia. As taxas de juro mais elevadas tornam ainda mais dispendioso para as empresas o financiamento de necessidades de fundo de maneio estruturalmente mais elevadas, o que representa um risco para sectores como a construção e a maquinaria e equipamento de transporte”, acrescenta Lemerle.
Insolvências aumentaram mais de 7% em setembro
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