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Repsol fatura menos e ameaça investimentos em Espanha se avançar imposto sobre lucros excessivos

O imposto especial sobre a energia e a previsão de novos impostos no acordo de coligação levam o grupo a repensar os seus investimentos no mercado interno. As contas dos primeiros meses do ano revelam uma queda dos principais indicadores do balanço.
26 Outubro 2023, 08h51

A petrolífera Repsol ameaça cortar investimentos previstos para Espanha, o seu mercado original, se se confirmar que a coligação PSOE/Sumar vai avançar com um imposto especial sobre lucros excessivos (ou o que se lhe queira chamar) que contemplam, entre outras, as empresas de energia e a banca. O novo imposto faz parte do acordo de coligação que tem em vista a formação do próximo governo espanhol – e que já foi assinado pelos dois partidos, estando agora em fase de ‘apresentação’ às pequenas formações regionais (catalãs, bascas, canarinhas e galegas) que terão de dar o seu contributo para a formação de um agregado maioritário nas Cortes.

“A possibilidade de manutenção de um imposto sobre as empresas de energia, que foi concebido como temporário e extraordinário, pune empresas que, como a Repsol, investem em ativos industriais, geram emprego e garantem a independência energética do país”, refere a petrolífera em comunicado enviado ao regulador, a CNMV. “A falta de estabilidade no quadro regulatório e fiscal do país poderá condicionar os futuros projetos industriais da Repsol em Espanha”, diz a empresa, citada pela imprensa. A Repsol afirma que o imposto “favorece importadores que não geram emprego ou atividade económica relevante em Espanha”.

Entretanto, o grupo petrolífero anunciou ter faturado 2,785 mil milhões de euros nos nove primeiros meses do ano, menos 13,6% que em período homólogo do ano passado. A queda do preço do petróleo e do gás penalizou os resultados, indicou ainda a Repsol – que pagará um um dividendo bruto de 0,4 euros por ação em janeiro, um aumento de 14%, que por certo não escapará ao radar do PSOE/Sumar.

O jornal “Cinco Días” recorda que Josu Jon Imaz, CEO da Repsol, disse no início do ano que o imposto sobre as empresas de energia vai custar 450 milhões de euros aos cofres do grupo em 2023.

A Repsol destaca que investiu 4.362 milhões de euros em nove meses – um aumento de 82% – “principalmente em projetos de baixo carbono”. O foco principal foi a Espanha, onde foi aplicado 41% do valor total, e os Estados Unidos (com 37% dos investimentos). No mercado do outro lado do Atlântico, a Repsol adquiriu a empresa de energia renovável eólica onshore ConnectGen, com um portfólio de projetos de 20 mil MW e capacidade de desenvolvimento de aproximadamente 715 milhões do Quantum Capital Group, diz o mesmo jornal.

“Alcançámos bons resultados num momento de contínua volatilidade nos mercados globais de energia”, disse Josu Jon Imaz, CEO da empresa, na nota à CNMV. “O nosso objetivo é mantermo-nos disciplinados, ao mesmo tempo que entregamos um retorno atrativo aos acionistas, como demonstra o aumento do dividendo anunciado para janeiro de 2024 para 0,40 euros brutos por ação”, acrescenta.

Por outro lado, o EBITDA da empresa situou-se em 7.194 milhões de euros até setembro, uma diminuição de 33,8%. O negócio de exploração e produção registou um lucro de 1.225 milhões de euros, menos 49,6%, principalmente devido aos preços mais baixos do petróleo bruto e do gás, aos custos de produção mais elevados e à depreciação do dólar face ao euro. Do outro lado das contas estão os menores custos de exploração e maiores volumes. O segmento industrial do grupo obteve um lucro de 2.173 milhões de euros, mais 4%.

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