“Existia ainda, na rue de Vaugirard, em frente à minha casa, um pouco mais adiante, uma pequena farmácia muito estreita, bloqueada, espremida entre duas lojas de roupa, ainda escura com os seus rodapés de madeira velha envernizada e os seus frascos de porcelana com nomes em latim, que deviam conter toda a espécie de ervas, bálsamos e pós.”
Hervé Guibert (1955-1991), talvez pela sua vida curta, não é das figuras da vida cultural francesa mais conhecidas entre nós. Graças a uma visita a Madrid, exclusivamente para ir à PhotoEspaña, em 2019, descobrimos as suas fotografias.
Segundo ele, uma fotografia é um convite, pois leva o espetador a criar uma versão única e íntima de uma imagem. Nesse sentido, os sessenta e quatro breves ensaios deste “A Imagem Fantasma”, publicado pela BCF Editores, com tradução e prefácio de Amândio Reis, são uma série de convites – uma espécie de coleção de polaroids, photomatons, fotos de viagem, retratos e das fotografias que ficaram por fazer –, em que o autor, refletindo acerca da fotografia e da sua experiência pessoal como artista, convoca o olhar do leitor.
Pequenas vinhetas, memórias, algumas curiosidades (como a da fita vermelha com que se tapavam, nos cinemas em Bruxelas, as partes sexuais dos cartazes dos filmes pornográficos), considerações (o autorretrato – hoje, a saturante “selfie” –, herdeiro da tradição pictórica) permitem-nos (re)conhecer lugares e situações mas, sobretudo, aprender a ver com um novo olhar.
Escritor, fotógrafo e realizador francês, Hervé Guibert colaborou com o jornal “Le Monde”, entre 1977 e 1985, com uma coluna semanal de crítica de cinema e fotografia, e chegou a visitar Lisboa, em 1988.
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