Quase 200 países chegaram a acordo esta quarta-feira para começar a reduzir o consumo global de combustíveis fósseis.
O acordo foi alcançado no DUbai depois de duas semanas intensas de negociações na cimeira do clima COP28.
Este é o primeiro acordo a sinalizar o eventual fim da era do petróleo, ou pelo menos a redução do seu consumo, restando ver até que ponto fará efeitos perante as necessidades energéticas tanto dos países desenvolvidos como dos países em desenvolvimento.
O acordo apela à “transição dos combustíveis fósseis nos sistemas energéticos, numa forma justa, ordeira e justa… para atingir carbono zero em 2050”.
Também pede para o triplicar da capacidade de energia renovável até 2030, acelerar esforços para reduzir o uso do carvão e acelerar tecnologias como a captura e armazenamento do carbono para descarbonizar as indústrias, uma tecnologia cara e com poucas provas dadas em grande escala.
É um acordo histórico no sentido de que em nenhuma das 27 COP anteriores foi feito um acordo para acabar com o consumo de petróleo e gás, visando limitar o aquecimento global a 1,5 graus centígrados.
Apesar do acordo ser histórico, continua a ser um apelo à boa vontade dos países. Um exemplo é o acordo alcançado em Glasgow há dois para a redução do consumo de carvão. De lá para cá, o consumo mundial de carvão tem crescido.
“Em conjunto confrontámos realidades e colocámos o mundo na direção correta”, disse o presidente da COP 28, o sultão Ahmed Al-Jaber que qualificou o acordo como “histórico”.
“Para ser bom, um acordo depende da sua implementação. Nós somos o que fazemos, não o que dizemos. Devemos tomar os passos necessários para tornar este acordo em ações tangíveis”, afirmou, citado pela “Bloomberg”.
No entanto, o acordo não inclui quaisquer datas nem metas para a redução do consumo de petróleo, tal como a Arábia Saudita já tinha avisado durante a cimeira que não queria ver isto refletido no texto final.
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) também deu instruções aos seus membros para lutarem contra qualquer texto que tivesse como alvo os combustíveis fósseis.
Mais de 100 países tentaram que o acordo incluisse precisamente metas para a redução do carbono. Entre estes encontravam-se os estados-ilhas, mais vulneráveis às alterações climáticas, que tinham o apoio de grandes potências como a União Europeia, Estados Unidos, Canada ou Noruega.
Apesar dos belos discursos, o petróleo, gás natural e carvão continuam a pesar 80% no consumo energético mundial. Apesar da sua boa intenção, o acordo da COP 28 deixa muitas dúvidas: os países em desenvolvimento precisam de muita energia e barata para darem o salto económico. Conseguirão melhorar economicamente sem combustíveis fósseis?
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