O economista-chefe do departamento de estudos económicos do Banco Fomento Angola (BFA) disse hoje à Lusa que a saída de Angola da OPEP não implica “custos relevantes” e liberta o país para aumentar a produção de petróleo.
“Não há custos relevantes em sair porque o poder da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ser completamente determinante no preço já não é o mesmo que era dantes, portanto a saída tem apenas o prejuízo de não participar na decisão, mas é só isso”, disse José Miguel Cerdeira, em declarações à Lusa na sequência do anúncio de saída, feito hoje pelo Governo.
Para o economista, a decisão de Angola, tomada na sequência das críticas públicas de Angola à limitação do aumento da produção para 1,11 milhões de barris por dia durante 2024, acaba por ser positiva para o país africano lusófono.
“É um custo muito pequeno para a vantagem que dá ao Estado e aos operadores, que ficam com a certeza e a tranquilidade de não ter problemas se Angola ultrapassar a quota em vários meses durante o próximo ano”, explicou José Miguel Cerdeira.
“A previsão do Orçamento Geral do Estado aponta para uma produção diária de 1,06 milhões de barris, mas a nossa perspetiva é que essa previsão é demasiado pessimista, esperamos que em 2024 haja meses em que a produção estará muito perto ou até acima da quota de 1,11 milhões de barris diários definida pela OPEP”, acrescentou.
A decisão hoje anunciada pelo ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino de Azevedo, surge poucos dias depois de o Presidente de Angola ter feito uma visita aos Estados Unidos da América, que publicamente criticam as políticas da OPEP, e no contexto dos investimentos norte-americanos no Corredor do Lobito, e depois de vários meses em que Angola tem defendido um aumento da sua produção de petróleo, contrariando o interesse dos maiores produtores em fazer aumentar os preços globais.
“A saída dá estabilidade e tranquilidade para que ultrapassar essa quota não seja um problema para Angola”, conclui o economista-chefe do BFA.
A informação oficial sobre a saída da OPEP foi transmitida pelo ministro da tutela à margem da décima reunião ordinária do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente angolano, João Lourenço, dando conta que esta foi uma decisão governamental.
“Sentimos que neste momento Angola não ganha nada mantendo-se na organização e, em defesa dos seus interesses, decidiu sair”, afirmou hoje Diamantino Pedro Azevedo, em declarações aos jornalistas, no Palácio Presidencial, em Luanda, argumentando que a decisão “não foi tomada de ânimo leve” e considerando que não faz sentido estar numa organização cujos resultados não sirvam os interesses de Angola.
A OPEP+ apresentou, na reunião do início de dezembro, uma meta de 1.110 mil barris por dia, enquanto Angola queria produzir mais 70 mil barris.
De acordo com declarações do governador de Angola na OPEP, durante a reunião Angola reafirmou a sua posição, mas ao contrário da unanimidade que tem sido habitual, a OPEP decidiu uma quota na qual Angola não se revê.
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