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JP Morgan estima que receita de juros no BCP caia 7% ao ano entre 2024 e 2026

Num research o JP Morgan analisa a descida dos juros pelo BCE e o impacto nas receitas da banca europeia nos próximos anos. O banco português BCP é abrangido pela análise. O JP Morgan estima também que o BCP distribua 9,8% dos lucros de 2023 aos acionistas.
Miguel Maya
Miguel A. Lopes/Lusa
16 Janeiro 2024, 19h16

Os analistas do JP Morgan alteraram as previsões de resultados por ação dos bancos “para refletir a perspetiva da descida das taxas de juro em linha com a visão interna” do banco norte-americano.

No caso do BCP, a casa de investimento reduziu a previsão de resultados por ação (earning per share – EPS) em 1% nas estimativas para o exercício deste ano 2024, em 7% nas estimativas para 2025 e 11% nas estimativas para 2026. As novas previsões apontam para que o BCP tenha um EPS de 0,05 euros por ação em 2024 em 2025 e em 2026. A justificar a descida está o impacto esperado da descida das taxas de juro diretoras nas receitas dos bancos (margem financeira).

Na análise aos bancos europeus o JP Morgan explica que “reduzimos as nossas previsões de EPS em 4%/5%, em média, para 2025/26 (estimativas, de modo a incorporar uma perspetiva de taxas médias a prazo do BCE de 3,75% em 2024, 2,5% em 2025 e 2% em 2026”.

No que toca aos resultados antes de impostos (Profit Before Taxes), o JP Morgan estima que o BCP registe 1.537 milhões de euros acima do consenso de analistas que espera 1.446 milhões em 2023. Em 2024 espera que o banco feche o ano com 1.448 milhões acima do consenso que prevê 1.271 milhões. Já em 2025 o JP Morgan espera resultados antes de impostos do BCP de 1.502 milhões, quando o consenso aponta para 1.383 milhões e em 2026 o banco norte-americano prevê 1.430 milhões acima do consenso de 1.420 milhões.

A margem financeira (diferença entre juros do crédito e juros dos depósitos) do BCP deverá ter chegado a 2.862 milhões de euros no fim de 2023 segundo o banco norte-americano, o que é 1% acima do consenso dos analistas. Em 2024 o JP Morgan estima uma receita de 2.770 milhões, 4% acima do consenso. Em 2025 estima 2.486 milhões, 3% abaixo do consenso que prevê 2.566 milhões e 2026 os analistas estimam 2.409 milhões, 5% abaixo do consenso.

A queda média anual da receita de juros no BCP, entre 2024 e 2026, é de 7%, segundo esta estimativa.

“O nosso economista considera que as perspectivas para a economia da zona euro são moderadas, com a inflação a regressar ao objetivo de 2%, o desemprego ainda baixo, mas com um crescimento fraco. Simultaneamente, a nossa visão de base aponta para três cortes de 25 pontos base do BCE no segundo semestre de 2024, para 3,25%, e cinco cortes de 25 pontos base do BCE em 2025, para 2,0%”, refere o JP Morgan.

“Em termos de calendário, o nosso economista previu os cortes de 2024 para setembro, outubro e dezembro. Em 2025, o nosso Economista espera que o BCE continue a cortar 25pb em todas as reuniões no primeiro semestre de 2025 e efectue um corte final para 2% em setembro”, acrescenta.

Para o BCP o JP Morgan espera um payout yield (percentagem total do lucro líquido que é distribuída pelos acionistas) de 9,8% relativo aos resultados de 2023; 10,7% relativo a 2024; 10,5% respeitante ao exercício de 2025 e 9,9% dos resultados de 2026.

O JP Morgan analisa também a sensibilidade das taxas de depósito dos bancos europeus às alterações nas taxas diretoras.

As alterações no custo e na composição dos depósitos bancários têm implicações importantes para a margem financeira dos bancos.

A sensibilidade das taxas de depósito dos bancos às alterações nas taxas de juro, é o chamado “beta dos depósitos”.

Os analistas do JP Morgan dizem na sua análise à banca europeia que, “relativamente às reduções das taxas, assumimos um beta dos depósitos de 50% para os bancos nórdicos e britânicos, uma vez que a repercussão dos depósitos é já muito mais elevada do que noutras regiões, e para os países da zona euro, assumimos apenas cerca de 25%, dada a baixa repercussão dos depósitos em muitos desses países”.

“Tal como discutido no nosso relatório de perspectivas, esperamos que os custos dos depósitos desçam lentamente numa primeira fase”, refere o banco norte-americano.

O JP Morgan vê implicações limitadas para o custo do risco. “Com taxas mais baixas, não assumimos níveis de provisionamento mais baixos, uma vez que as nossas previsões de CoR já assumem uma deterioração limitada para 33 pontos base em 2024 e uma normalização para 27 pb em 2026. A nossa visão interna aponta para um aumento das taxas de incumprimento com o aumento das vulnerabilidades na economia”.

O JP Morgan estima também para a banca europeia que o desempenho do preço das ações deve ser impulsionado por cortes nos lucros e não por avaliações mais baixas.

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