O banco espanhol que em Portugal acaba de comprar o EuroBic – o que o projeta para o sétimo maior banco no mercado português –reportou resultados líquidos de 711,3 milhões de euros no ano passado. A rentabilidade do capital tangível (ROTE) atingiu os 16%.
Os lucros de 2023 são 228% superiores aos 217 milhões de euros registados em 2022. O que é explicado pela subida da receita de margem financeira (juros).
A margem financeira subiu 61,1% para 1.231,8 milhões de euros; as comissões geraram 294,1 milhões, a crescerem 3,4%. Os resultados de operações financeiras somaram 74,2 milhões.
O banco destaca a subida sustentada da margem financeira a ajudar ao produto bancário. Face ao trimestre anterior, nos últimos três meses de 2023 a receita de juros ascendeu a 357,7 milhões (+6,6%).
Do lado dos custos o grupo revela que pagou 138,3 milhões de euros em “custos regulatórios” em 2023. Os custos operacionais somaram 807,1 milhões, ou seja, cresceram 8,2% em 2023.
As provisões e imparidades aumentaram 63,9% para 88,3 milhões, sendo que as provisões para crédito subiram 27,8% para 105,1 milhões de euros.
O CEO Francisco Botas destacou a melhoria de 14,9 pontos percentuais no rácio de eficiência (cost-to-income) para 52,4%. Ainda assim pior que o sector em Espanha. O que o Juan Carlos Escotet justifica com a política de aquisições levada a cabo nos últimos anos.
O banco destaca a qualidade da carteira de crédito espelhada no baixo rácio de morosidade do crédito (Non-Performing Loans) e 2,4% com cobertura por imparidades de 73,9%. O rácio Texas situa-se em 27,5%.
O custo do risco que mede às novas entradas em imparidade sobre o total da carteira de crédito está apenas em 0,23%.
O Abanca apresenta uma estrutura de financiamento baseada fundamentalmente em depósitos de retalho, que representam 82% no total. O rácio de créditos sobre depósitos do retalho (LTD) é de 84,9%.
Em termos de solvabilidade, o Abanca reportou um rácio CET1 de 12,6% e apresenta um rácio de capital total de 16,9%, bem como “um excesso de 442 p.b. e 1.499 milhões de euros em requisitos (447 p.b. e 1.516 milhões de euros em requisitos CET1)”. O banco frisou que cumpre amplamente o requisito MREL para 2024, com uma margem de 134 pontos base.
O Chairman e fundador do Abanca Juan Carlos Escotet Rodríguez; o CEO, Francisco Botas Ratera; e o CFO, Alberto de Francisco Guisasola, apresentaram as contas do banco relativos ao ano de 2023, numa conferência de imprensa.
“Depois da aquisição do EuroBic, o Abanca eleva o seu volume de negócios (crédito e recursos de clientes) acima dos 124 mil milhões de euros”, disse Juan Carlos Escotet que sublinhou que o grupo é o sétimo maior em Portugal e Espanha”. Sem o Eurobic o volume de negócio seria de 113 mil milhões.
“Em 2023, o banco adquiriu o EuroBic, o oitavo banco em Portugal, tornando-se um player relevante no mercado português e uma entidade ibérica. O Abanca posiciona-se como o sétimo banco em Espanha e Portugal. Ainda em 2023, foi concluída a operação de compra do Targobank, cuja integração tecnológica terminará em junho de 2024”, lê-se no comunicado.
O programa de crescimento orgânico do Abanca fez com que, em 2023, tenha adicionado mais de 130 mil novos clientes, 62% destes em áreas de expansão geográfica. Em Portugal, “o Abanca registou um aumento muito significativo no crescimento de clientes de mais 84%”, acrescenta.
Na fase de perguntas e respostas, o board disse que ainda não tinham decidido quem iria ser o futuro CEO do EuroBic.
Questionado sobre o potencial interesse na compra do Novobanco, Juan Carlos Escotet evitou a resposta dizendo que ainda é “especulação” que o banco venha a ser vendido este ano.
O Abanca reporta um indicador que soma os dois lados dos balanço, o volume de negócios que superou os 124 mil milhões. Em detalhe o banco diz que mantém, no final de 2023, uma carteira de crédito estimada de 45.190 milhões de euros, depois de crescer 0,4% no ano. Os principais componentes desta carteira são o segmento das empresas e as famílias, que, com 42% e 41% respetivamente, representam 83% no total.
As novas formalizações de crédito a particulares e empresas aumentaram 14,0% em termos homólogos em Espanha e 15,3% em Portugal. Com isto, as quotas de mercado aumentaram em 10 pontos base e 52 p.b., respetivamente, em cada um dos dois países.
Em 2023, o grupo Abanca aumentou os recursos totais de clientes em 6.262 milhões de euros (10,2%), que se situaram em 67.526 milhões de euros. A estrutura de recursos de clientes apresenta 79% em depósitos à ordem e a prazo, e 21% em recursos fora de balanço.
Os depósitos a prazo e produtos fora de balanço cresceram 6.520 milhões de euros durante o ano.
O Abanca revela que os depósitos no retalho aumentaram 9,5%, para 53.569 milhões de euros, o que se traduziu em aumentos de quota de mercado de 17 pontos base em Espanha e 15 p.b. em Portugal. “As famílias e as empresas representam 93% dos depósitos do Banco, com um elevado grau de granularidade (71% abaixo de 100.000 euros)”, detalha o banco.
Fora do balanço, o Abanca diz que os ativos sob gestão atingiram 13.957 milhões de euros, após um crescimento de 12,9%. “A Gestão Discricionária de Carteiras, serviço fundamental no catálogo de investimentos do banco, representa um volume superior a 1,3 mil milhões de euros”, acrescenta.
“Na atividade seguradora, também essencial na estratégia de diversificação de rendimentos do banco, os prémios de seguros gerais e de risco vida cresceram 11,0% em termos homólogos, para 458,2 milhões de euros. O crescimento é homogéneo e acima de 10% nos principais ramos: 17% em saúde, 13% em automóveis e empresas e 11% em risco de vida”, conclui.
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