Mais uma reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Aliança Atlântica vai discutir a substituição das atuais ajudas espontâneas por uma ajuda regular. A Ucrânia está no topo da agenda nesta reunião dos ministros da NATO, em Bruxelas, que assinala também os 75 anos da assinatura do tratado fundador.
A ideia, segundo avançam as agências noticiosas, é tornar o apoio militar e financeiro à Ucrânia mais previsível e mais estável, em vez do atual sistema de doações espontâneas. Jens Stolenberg, secretário-geral da NATO, disse que “acreditamos firmemente que o apoio à Ucrânia deve ser menos dependente de ofertas voluntárias a curto prazo e mais dependente de compromissos a longo prazo da NATO. Ao fazê-lo, estaremos a dar à Ucrânia o que ela precisa, ou seja, um apoio sólido e previsível a longo prazo.”
Resta saber se é mesmo isto que a Ucrânia precisa. De Kiev têm surgido cada vez mais insistentemente pedidos veementes de aumento da remeça de armas e munições para a zona de guerra. Sem esse apoio imediato, diz o governo de Zelensky, a Ucrânia não conseguirá rechaçar as tropas russas e recuperar a posse dos territórios a leste que já estão sob a alçada de Moscovo.
Os países NATO têm demonstrado alguma incapacidade para enviar armas e munições para o terreno. E têm também feito verdadeiras ‘novelas’ em torno de questões que para Kiev são urgentes – como foram os casos mais óbvios do envio de tanques de Leopard e de aviões F-16 para a Ucrânia.
Além disso, alguns Estados-membros estão a ser sujeitos a uma pressão crescente para honrarem o compromisso de elevar a despesa com a defesa até ao limiar de 2% do PIB. Mas, como é público, muitos deles ainda não o fazem – e os apertos orçamentais patrocinados pela inflação e pela alta das taxas de juro (a que se acrescenta um ano com múltiplas eleições) fazem perigar a assunção desse objetivo.
Citado pela Euronews, Radosław Sikorski, ministro polaco dos Negócios Estrangeiros, disse que “creio que a Polónia é agora o país que gasta a maior proporção do PIB na defesa e espero que isso seja uma inspiração para outros. Estou ansioso por ouvir os nossos colegas ucranianos falarem sobre os desafios na frente de batalha. A Polónia também vai apoiar a criação de uma missão da NATO para regularizar a ajuda que estamos a prestar à Ucrânia”.
Apesar da aparente maior unidade de sempre, a perspetiva de um regresso ao poder de Donald Trump nos Estados Unidos paira sobre esta reunião histórica, referem todos os analistas. O antigo presidente deu a entender que poderia retirar os Estados Unidos do perímetro da ajuda ou reduzir drasticamente o apoio à NATO, caso ganhasse a reeleição em novembro. Não seria a primeira vez que o tenta. Entretanto, como é sabido, até os Estados Unidos estão a ter diversos problemas em manter o fluxo da ajuda à Ucrânia – apesar de a maioria do dinheiro disponibilizado ficar nos cofres das empresas do sector da defesa. Nos últimos meses, os republicanos na Câmara dos Representantes têm bloqueado sistematicamente a criação de novos pacotes financeiros de ajuda à Ucrânia. E ninguém acredita que uma vitória de Trump não vá piorar tudo.
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