A nova secretária de Estado da Energia é especialista em minas. Maria João Pereira, é investigadora e professora catedrática no Instituto Superior Técnico (IST), e presidente do Departamento de Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa.
Em termos de currículo académico, a nova governante conta com uma licenciatura em Engenharia de Minas, um mestrado em Mineralurgia e Planeamento Mineiro e um Doutoramento em Engenharia de Minas e título de agregado em Georrecursos.
O desenvolvimento do sector mineiro em Portugal é uma conversa de décadas e ganhou mais relevância com o crescimento da importância do lítio a nível mundial com o crescimento dos carros elétricos e a necessidade deste minério para produzir baterias. Regra geral, a responsável pela pasta da energia também fica com a tutela das minas.
Há seis anos, o Governo PS aprovou as linhas gerais para criar uma estratégia nacional para o lítio, mas o processo ficou completamente estagnado. A estratégia ficou na gaveta desde 2018 e nem foi lançado o concurso para promover a pesquisa em seis áreas, tal como revelou hoje o “Jornal Económico”. O país é o sétimo maior produtor entre os oito países que mais lítio produzem no mundo, contando com as maiores reservas da Europa.
“Foram seis anos perdidos. O assunto está politicamente enrolado. Há muita politiquice. É complicadíssimo. Devia-se ter feito o concurso, transparente, para as áreas”, disse ao JE Mário Guedes, antigo diretor da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG).
“O sector está abandonado há mais de 30 anos. Houve algum interesse de alguns decisores políticos, e de algumas empresas, mas são fogachos que vão desaparecendo. É um sector com polémica, com indecisão e um quadro-legal e de gestão fraco por parte do Estado. A lei de base do sector que foi aprovada em 2014, contém uma medida que limitou os contratos de pesquisa a uma validade de cinco anos. O período médio desde a descoberta até à decisão de investimento, até ao estudo final de viabilidade económica andará na casa dos 12 anos, o que bate na parede contra o limite de cinco anos”, segundo o especialista no sector mineiro, considerando que esta limitação está a afastar investidores do país.
Sobre os desafios da secretária de Estado considera que vão ser essencialmente na área da energia: “o défice tarifário vai-lhe explodir nas mãos. Manteve-se o valor da eletricidade artificialmente baixo no mercado regulado, esmagando as empresas no mercado livre. Há muita coisa que foi chutada para a frente que vai-lhe cair nas mãos. O anterior Governo perdeu a oportunidade de acabar com a dívida tarifária”.
A nova secretária de Estado foi presidente do Centro para os Recursos Naturais e Ambiente (CERENA) do IST entre 2012 e 2021. “Os seus interesses de investigação têm estado focados na aplicação de geoestatística à terra e às ciências ambientais, o desenvolvimento de ferramentas espaciais para melhor compreender os impactos das atividades antropogênicas e os perigos naturais no ambiente e na saúde pública”, segundo o seu perfil neste centro.
“Coordenou e participou em mais de 30 projetos científicos e tem mais de 120 artigos publicados em jornais científicos e comunicações em conferências científicas”, acrescenta.
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