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Habitação: Banco de Espanha ‘culpa’ investidores estrangeiros pelo aumento dos preços

Os estrangeiros residentes e não residentes no país representaram 19,3% das vendas em 2023, com 125 mil transações, sendo que no primeiro semestre o investidor internacional comprou casa a um preço médio de 2.600 euros/m2, com os residentes a gastarem 1.600 euros/m2.
27 Abril 2024, 16h01

O Banco de Espanha considera que a chegada de estrangeiros não residente ao país para comprar casa é uma das principais causas para o aumento dos preços no país, seja para aquisição ou arrendamento, segundo conta o jornal “El Economista” este sábado.

A comprovar este sentimento está o último relatório anual do Banco de Espanha, que garante que o peso destes compradores no total das operações anuais cresceu de forma significativa nos últimos anos.

Os estrangeiros residentes e não residentes no país representaram 19,3% das vendas em 2023, com 125 mil transações, ficando abaixo das 134 mil compras realizadas em 2022. Contudo, o relatório da entidade liderada por Pablo Hernández de Cos, aponta que os investidores estrangeiros fizeram transações com um preço de 62,5% acima do que os residentes pagam em média.

No primeiro semestre do ano passado o investidor internacional comprou casa a um preço médio de 2.600 euros/m2, com os residentes a gastarem 1.600 euros/m2. “Esta procura caracteriza-se por ter um elevado poder de compra em termos relativos”, aponta o relatório do Banco de Espanha.

De acordo com os dados do ‘idealista’, a oferta de arrendamento permanente caiu 15% no primeiro trimestre do ano, enquanto o arrendamento sazonal cresceu 56%, representando agora 11% do total da oferta de habitação.

No final de 2023, os estrangeiros não residentes gastaram em média 2.715 euros/m2 mais 6,1% face ao período homólogo. O resultado fica acima dos valores pagos por estrangeiros residentes (1.720 euros/m2) e nacionais (1.580 euros/m2).

Em termos de nacionalidades, quem mais investe são os clientes chineses, com 3.902 euros/m2, seguindo-se os  colombianos (3.734 euros/m2), os venezuelanos (3.608 euros/m2) e os equatorianos (3.608 euros/m2).

Já os investidores dos Estados Unidos, Rússia, Suíça, Suécia, Argentina e Alemanha também ultrapassam a barreira dos 3.000 euros/m2. Por outro lado, os compradores irlandeses, portugueses, belgas e franceses gastam em média 2.500 euros/m2, enquanto os investidores da Bulgária e da Roménia não ultrapassam os 2.000 euros/m2.

Recorde-se que o governo espanhol decidiu eliminar o programa de autorização de residência para residentes não habituais que perdurava desde 2013. “Garantir que a habitação é um direito e não apenas um negócio especulativo”. Foi com base nesta justificação que Pedro Sánchez decidiu o fim do regime dos vistos gold, baseando-se também no combate à crise habitacional no país.

O atual presidente do governo espanhol assumiu que tomará “as medidas necessárias para garantir que a habitação é um direito e não apenas um negócio especulativo. Não queremos um modelo de investimento especulativo”.

O programa dos vistos gold captou 580 milhões de euros por ano de investimento estrangeiro, segundo dados da Administração espanhola relativos a 2023, sendo que 94% através da compra de casa. Ou seja, com a eliminação deste regime, Espanha deixará de receber 550 milhões por ano em compras de casa.

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