O socialista Salvador Illa, que venceu as eleições na Catalunha sem maioria absoluta, disse que a região decidiu abrir uma nova etapa após 14 anos de governos separatistas e garantiu que vai liderar o próximo executivo autonómico. Sem revelar se e com quem pretende negociar a viabilização do governo, Salvador Illa destacou que o Partido Socialista da Catalunha (PSC) venceu de forma destacada as eleições, ao eleger 42 deputados num parlamento com 135 lugares (maioria aos 68 lugares).
“Os catalães decidiram que cabe ao PSC liderar esta nova etapa”, afirmou, na sede do partido em Barcelona, perante os aplausos de algumas dezenas de apoiantes. Illa sublinhou ainda que é a primeira vez na história que o PSC, simultaneamente, ganha em votos e em deputados numas eleições autonómicas catalãs, insistindo por diversas vezes em que a região “abriu hoje uma nova etapa”.
Para Salvador Illa, um dos “muitos fatores” que explicam a vitória do PSC na Catalunha é a política que o primeiro-ministro de Espana e líder do Partido Socialista Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, adotou para a região.
À frente do Governo de Espanha desde 2018, Sánchez concedeu indultos aos separatistas condenados pela tentativa de autodeterminação de 2017, mudou o código penal para acabar com o delito de sedição de que outros estavam acusados e avançou agora com uma amnistia que está prestes a ser definitivamente aprovada. Em troca, os dois grandes partidos independentistas catalães viabilizaram sucessivos governos de Sánchez.
O PSOE e Sánchez têm insistido em que estas medidas têm o objetivo de “recuperar a convivência” na Catalunha e entre a Catalunha e o resto de Espanha, depois da tentativa de autodeterminação de 2017.
Entretanto, Pedro Sánchez, congratulou-se com o “resultado histórico” dos socialistas nas eleições regionais da Catalunha, que venceram, mas longe da maioria absoluta, considerando que abre “uma nova etapa” para “melhorar a vida dos cidadãos” na região. A vitória dos socialistas catalães já era esperada, assim como era esperado que não conseguiriam a maioria absoluta – o que abre mais um capítulo da crise política em que a autonomia tem vivido nos últimos anos.
Numa mensagem publicada na rede X e que a Lusa replica, o presidente do governo espanhol felicitou o líder do Partido Socialista da Catalunha (PSC), Salvador Illa, por “este histórico resultado conseguido na Catalunha”.
“Os socialistas voltam a ser a primeira força. A partir de hoje, começa uma nova era na Catalunha para melhorar a vida dos cidadãos, alargar os direitos e reforçar a convivência”, declarou Sánche. O líder socialista escreveu (em catalão): “A Catalunha está preparada para concretizar um novo futuro e para viver um tempo de esperança”.
O líder do Juntos pela Catalunha (JxCat), Carles Puigdemont, segundo classificado nas eleições, declarou estar pronto para formar um “governo sólido” e desafiou a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), no terceiro lugar, a refletir sobre “os efeitos da desunião”.
Numa declaração em catalão, a partir do sul de França, uma vez que tem pendente sobre si um mandado de captura em Espanha, o ex-presidente da autonomia afirmou que se a ERC “estiver disposta a entrar nesta reflexão sobre os efeitos da desunião e da falta de estratégia comum” dos independentistas, o seu partido também o estará.
Puigdemont declarou-se em “condições de construir um governo sólido” e disse que irá dedicar “as próximas horas e dias” a esta tarefa. o JxCat (centro-direita) alcançou 35 deputados no parlamento catalão, mais três que em 2021, com 21,64%.
O líder do JxCAt criticou a possibilidade de um chamado “governo tripartido” das esquerdas – entre os Socialistas, que venceram as eleições catalãs, a ERC, que estava até agora no Governo, e o Comuns Somar-, que teriam “uma maioria tão justa”. “Continua a ser uma má opção para o governo da Catalunha”, considerou.
A ERC ficou em terceiro lugar com 20 deputados, menos 13 que nas eleições anteriores – o que representa uma pesada derrota para o partido. O Partido Popular consegui 15 lugares, mais 12 que os que assegurava – o que quer dizer que estancou aquilo que parecia ser a erosão da sua força na região. A extrema-direita do Vox repetiu a obtenção de 11 lugares.
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