As economias de Espanha e de Itália estão a crescer mais do que as duas maiores economias do euro desde 2019, a Alemanha e a França.
Na crise das dívidas soberanas em 2010, foi cunhado o termo pejorativo PIGS (porcos em inglês) para designar os países da zona euro que sofriam maior pressão dos mercados: Portugal, Itália, Grécia e Espanha. Destes países, só Itália não sofreu um resgate internacional, mas também viveu dias conturbados quando Silvio Berlusconi liderava o executivo. Também foi criado o termo PIIGS para incluir a Irlanda, e também o tigre celta foi alvo de resgate.
Depois de uma queda de 11,2% devido à pandemia da Covid-19, Espanha (o maior parceiro comercial de Portugal) cresceu 6,4% em 2021, 5,8% em 2022, e 2,5% em 2023.
A conclusão é de um estudo do JP Morgan citado pelo jornal espanhol “El Economista”.
A economia espanhola sofreu mesmo a maior recessão da zona euro durante a pandemia, mas quatro anos depois recuperou: o turismo voltou em força e a indústria prossegue com baixa exposição à China. O país criou também dois milhões de empregos líquidos desde 2019.
O JP Morgan reviu em alta a previsão do crescimento para a economia espanhola em 0,7 pontos para os 2,2% para este ano. Para 2025, outra revisão em alta: de 0,2 pontos para 1,5%.
É claro que também há desafios no outro lado da raia: produtividade baixa, dívida pública elevada, mercado laboral disfuncional, pressão demográfica.
A melhoria dos indicadores orçamentais de Portugal nos últimos anos coincidiu com a deterioração dos indicadores de França. Portugal conta com uma dívida sobre o PIB abaixo de 100% no final de 2023 e atingiu um excedente orçamental de 1,2%. Já França atingiu um défice de 5,5% e registou um rácio de dívida sobre o PIB de 110% no final do ano passado.
Desta forma, a sigla PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha) forjada durante a crise da zona euro em 2010 (considerada pejorativa por muitos, por ser a palavra para ‘porcos’ em inglês), pode perder o P de Portugal e ganhar o F de França para se tornar em FIGS, conforme sugere o jornal espanhol “El Economista”.
O défice só deverá recuar abaixo dos 4% em 2029, segundo a previsão mais recente do FMI.
O prémio de risco francês (diferencial entre o custo da dívida francês e a dívida alemã a 10 anos) encontra-se atualmente em 51, acima da média de 38,6 pontos da última década. Em contraste, o prémio de risco português situa-se nos 66 pontos, abaixo dos 151 de média.
“França tornou-se no foco orçamental da Europa”, segundo os economista do Bank of America Merrill Lynch (BofAML). “Os titulares orçamentais em Itália e França estão a levantar questões sobre a sustentabilidade das finanças públicas”.
Já os analistas da Capital Economics apontam que o “excesso de défice de França deve-se quase exclusivamente” à falta de receitas fiscais.
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