Os juros diretores na zona euro desceram esta quinta-feira 25 pontos base (p.b.), o primeiro corte de taxas desde setembro de 2019 e uma decisão já largamente esperada pelos mercados face ao comportamento da inflação e às declarações recentes de vários membros do Banco Central Europeu (BCE). As taxas de referência ficam assim entre 3,75% e 4,25% para o bloco da moeda única.
A reunião desta quinta-feira marcou a primeira descida de juros desde setembro do ano passado, há seis reuniões de política monetária atrás, altura desde a qual as taxas diretoras na zona euro estavam no intervalo entre 4% e 4,5%. Desde então, a inflação homóloga recuou de 4,3% para 2,6% em maio, valor que já reflete uma ligeira subida em relação aos 2,4% de abril.
Esta tendência de queda (o pico do fenómeno inflacionista foi de 10,6% em outubro de 2022) seria suficiente para deixar os mercados a antecipar uma descida, algo reforçado pelos comentários recentes de vários membros do BCE e governadores de bancos centrais nacionais.
O mais evidente veio do economista chefe do banco, Philip Lane, que admitiu que esta seria a altura apropriada para “remover o nível superior de restrição”, embora sem projetar qualquer decisão após esta semana. Antes, havia sido a vice-presidente do BCE, Isabel Schnabel, a recomendar prudência após junho, praticamente confirmando implicitamente um corte na reunião desta quinta-feira.
Na mesma linha, os governadores dos bancos centrais da Letónia, Finlândia, Bélgica, Áustria e Grécia não excluíram um corte em junho, algo que os investidores e analistas interpretaram como outro sinal implícito de que o arranque das descidas estaria para breve.
Além das mexidas nos juros, o BCE atualizou as projeções macro para este ano e os próximos, revendo em ligeira alta a inflação nominal e subjacente. Para este ano, o banco central estima agora que o ano feche com 2,5% de subida no índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC), uma revisão em alta de 0,2 pontos percentuais (p.p.), tal como na projeção para 2025, que está agora em 2,2%.
Para 2026, o BCE mantém a previsão de 1,9% de inflação.
Já no que respeita ao indicador core, a projeção para este ano subiu de 2,5% para 2,8%, enquanto a relativa a 2025 foi atualizada de 2,1% para 2,2%. A previsão para 2026 manteve-se inalterada em 2,0%.
Apesar da inflação mais elevada do que se esperava em março, a economia da moeda única deve crescer mais do que os 0,6% estimados à altura, com o BCE a apontar agora a 0,9% este ano. Para 2025, a projeção de 1,5% foi cortada em 0,1 p.p. para 1,4%, mantendo-se inalterada a previsão de 1,6% para o ano seguinte.
[notícia atualizada às 13h26]
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