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Portugal é o segundo país do mundo que mais recupera nas intenções de contratação entre trimestres

Para o terceiro trimestre de 2024, 37% das empresas nacionais preveem aumentar as suas equipas, enquanto 41% esperam manter o seu atual número de colaboradores e 19% pretendem reduzir. 
13 Junho 2024, 15h16

A Projeção para a Criação Líquida de Emprego evolui positivamente. Os dados são do ManpowerGroup Employment Outlook Survey que revelam, assim, uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de +18% para o período de julho a setembro, um valor já ajustado sazonalmente e que traduz uma subida de sete pontos percentuais face ao trimestre anterior, mas ainda uma redução de nove pontos percentuais face ao período homólogo de 2023.

A Projeção para a Criação Líquida de Emprego resulta da diferença entre a percentagem de empregadores que planeia aumentar a sua força de trabalho e a percentagem de empregadores que planeia reduzi-la.

As previsões de contratação mais otimistas dizem respeito aos setores dos Transportes, Logística e Automóvel e Bens e Serviços de Consumo, segundo o relatório, que dá ainda conta que a Região Sul é a que apresenta a Projeção mais otimista e são as Grandes Empresas com mais de 5.000 trabalhadores as que mais querem reforçar as equipas.

A justificar estes dados está a maior estabilidade política, a antecipação de uma flexibilização na política monetária, fruto de uma trajetória descendente da inflação, bem como as necessidades sazonais de reforço das equipas.

São estes factores que explicam as intenções de contratação dos empregadores portugueses, que recuperam face ao trimestre anterior.

Para o terceiro trimestre de 2024, 37% das empresas nacionais preveem aumentar as suas equipas, enquanto 41% esperam manter o seu atual número de colaboradores e 19% pretendem reduzir.

Estes valores colocam Portugal quatro pontos percentuais abaixo da média global, mas com o mesmo valor da média da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África).

O nosso país é, no entanto, o segundo a nível mundial que mais recupera nas intenções de contratação entre trimestres, a par da Itália, e apenas ultrapassado pelo Brasil, que registou uma subida de 9%.

Já na evolução face ao período homólogo de 2023, o abrandamento nas intenções de contratação ainda é evidente, com Portugal a cair nove pontos percentuais, mais três pontos do que a redução observada a nível global, que é de seis pontos percentuais.

“Os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey, para o próximo trimestre, mostram-nos que a atual incerteza económica e política global continua a ser motivo de preocupação para os empregadores, o que se reflete num sentimento de contratação mais cauteloso do que há um ano atras” explica em comunicado Rui Teixeira, Country Manager do ManpowerGroup Portugal.

“Não obstante, a maior estabilidade política a nível nacional, com a formação de um novo governo, e alguns indicadores ténues de uma possível recuperação económica, com sinais positivos no crescimento do PIB de países chave para as nossas exportações, como sejam a Alemanha ou a Espanha, bem como o abrandamento na inflação e a expectativa – agora confirmada – de redução nas taxas de juro do BCE, trazem algum oxigénio à nossa economia, motivando assim uma recuperação nas intenções de contratação face ao trimestre passado”, defende Rui Teixeira.

“Este sentimento é ainda reforçado pela necessidade de responder ao pico sazonal que acompanha o Verão e que se traduz num aumento da procura de talento durante estes meses”, conclui o gestor.

Os empregadores de todos os setores analisados em Portugal preveem aumentar as suas equipas no terceiro trimestre do ano, com apenas três destes setores a apresentar projeções menos otimistas do que as registadas no trimestre anterior. É o setor dos Transportes, Logística e Automóvel o que apresenta as intenções de contratação mais sólidas, com uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de +25%.

Esta Projeção representa uma subida acentuada de 32 pontos percentuais face ao trimestre anterior, alinhada com o comportamento global e com uma gradual estabilização nas cadeias de abastecimento. Já quando comparado com o mesmo período do ano passado, este valor traduz ainda uma subida ligeira de dois pontos percentuais.

Segue-se o setor dos Bens e Serviços de Consumo, com uma projeção forte de +24%. Este valor revela uma subida moderada de oito pontos percentuais face ao trimestre anterior, mas uma descida de seis pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre de 2023.

Os empregadores dos setores da Indústria Pesada e Materiais, Saúde e Ciências da Vida e Energia e Utilities revelam também intenções de contratação otimistas, com uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de +22%.

Este valor, diz a ManPower, representa uma subida considerável nas previsões de contratação dos três setores em relação ao trimestre passado, de 12, 19 e 12 pontos percentuais, respetivamente.

Na comparação com o período homólogo de 2023, o setor da Indústria Pesada e Materiais revela uma estabilização das intenções de contratação, diminuindo apenas um ponto percentual, ao passo que o setor da Saúde e Ciências da Vida regista uma subida considerável de 16 pontos percentuais.

Já o setor da Energia e Utilities revela uma diminuição considerável de 15 pontos percentuais.

Seguidamente, o setor das Finanças e Imobiliário avança com uma projeção positiva de +18%, apresentando uma subida considerável de 12 pontos percentuais face ao trimestre passado, mas uma descida ligeira de 3 pontos percentuais face ao período homólogo de 2023.

Com projeções menos otimistas, mas ainda favoráveis, encontram-se os setores das Tecnologias de Informação e dos Serviços de Comunicação, que se fixam nos +17% e nos +16%, respetivamente. Estes valores revelam as duas maiores quedas da projeção face ao trimestre passado, com o primeiro a descer 5 pontos percentuais, registando o valor mais baixo desde o primeiro trimestre de 2022, e o segundo a cair 22 pontos percentuais.

O estudo revela que os empregadores da Região Sul são os mais otimistas nas intenções de contratação e Região Centro apresenta a projeção mais conservadora.

Todas as regiões avançam com previsões de contratação positivas para o terceiro trimestre de 2024, verificando-se um crescimento nas perspetivas de quatro das cinco regiões face ao segundo trimestre do ano. Ainda assim, comparativamente com o período homólogo de 2023, apenas uma região – a Região Norte – evolui positivamente.

Com a projeção para a Criação Líquida de Emprego mais otimista em Portugal, a Região Sul fixa-se nos +23%, resultado da entrada na época alta do turismo, que exige um reforço das equipas nesta região, explica a Manpower.

Estas intenções revelam um aumento considerável de 9 pontos percentuais em relação ao trimestre passado, mas uma descida ligeira de 3 pontos percentuais face ao período homólogo do ano passado, acrescenta.

Segue-se o Grande Porto, com uma projeção de +22%, valor que revela um crescimento considerável de 13 pontos percentuais face ao segundo trimestre de 2024, fenómeno que pode ser explicado pela recuperação nos setores de Indústria Pesada e Materiais e de Bens e Serviços de Consumo.

O estudo dá conta que a Região Norte e a Grande Lisboa, com intenções de contratação mais estáveis, estabelecem-se nos +19% e +17%, respetivamente, a primeira com um crescimento de quatro pontos percentuais, face ao trimestre passado, e a segunda de cinco pontos percentuais. Ainda assim, face ao terceiro trimestre de 2023, enquanto a Região Norte revela uma subida ligeira de três pontos percentuais, a Grande Lisboa regista uma descida considerável de 12 pontos percentuais.

Com intenções positivas, mas mais cautelosas, surge a Região Centro que continua em abrandamento, com uma projeção de +6%. Este valor vem revelar uma estabilização face ao trimestre passado, descendo apenas 1 ponto percentual, mas traduz-se numa diminuição acentuada de 25 pontos percentuais face ao mesmo período de 2023.

ManpowerGroup Employment Outlook Survey que maiores intenções de contratação vêm das Grandes Empresas

O estudo da ManpowerGroup Employment Outlook Survey  revela que as Grandes Empresas de mais de 5.000 trabalhadores registam as intenções de contratação mais otimistas, mas são as Microempresas as que apresentam a maior evolução.

Com uma previsão robusta, as Grandes Empresas de mais de 5.000 trabalhadores, são as mais otimistas, com uma projeção para a Criação Líquida de Emprego de +35%. Este valor revela uma subida considerável de 11 pontos percentuais, face ao segundo trimestre de 2024, e uma estabilização, quando comparamos com o mesmo trimestre de 2023.

Seguem-se as Grandes Empresas até 1.000 trabalhadores, com uma previsão a fixar-se nos +28%, valor que cresce de forma acentuada, em 21 pontos percentuais, em relação ao trimestre passado.

As Microempresas avançam igualmente com intenções otimistas, com uma projeção forte de +26%, revelando a maior evolução, ao crescer 24 pontos percentuais entre trimestres e 8 pontos percentuais face ao período homólogo de 2023.

As Pequenas Empresas fixam-se numa projeção de +24%, registando um crescimento de 11 pontos percentuais, entre trimestres, e de 5 pontos percentuais se comparado com o mesmo período do ano passado.

Já as Médias Empresas apresentam intenções de contratação mais modestas, com +7%, evoluindo negativamente 4 pontos percentuais face ao trimestre passado e 31 pontos percentuais face ao período homólogo de 2023.

Cinco das seis categorias de dimensão de empresa analisadas apresentam previsões de contratação positivas para o terceiro trimestre de 2024, com apenas as Grandes Empresas entre 1.000 e 5.000 trabalhadores a avançarem com uma projeção negativa.

Quando comparadas com o segundo trimestre do ano, apenas duas categorias de dimensão de empresa evoluem negativamente.

As Grandes Empresas entre 1.000 e 5.000 trabalhadores são as únicas que avançam com intenções de contratação negativas, com um valor de -7%. Estas últimas são as que apresentam a maior descida, não só entre trimestres, com menos 31 pontos percentuais, mas também quando comparado com o mesmo período de ano passado, revelando uma descida de 32 pontos percentuais, refere a Manpower.

Intenções de contratação a nível global estabilizam, e Portugal é o segundo país a nível mundial que mais recupera entre trimestres

A projeção para a Criação Líquida de Emprego a nível global revela uma estabilização entre trimestres, fixando-se nos +22%, exatamente o mesmo valor do trimestre passado. Mas, este valor revela uma descida moderada de 6 pontos percentuais face ao período homólogo de 2023.

Todos os 42 países e territórios inquiridos revelam intenções de contratação positivas, no entanto 12 revelam um abrandamento face ao trimestre anterior. Além disso, apenas 9 crescem quando comparadas ao mesmo período do ano passado.

A nível mundial, é a Costa Rica que avança com a Projeção mais otimista, de +35%, seguida da Suíça, com +34%.

Inversamente, é na Roménia e na Argentina que a Projeção é mais reservada, ambas com 3%, seguidas de Israel, com 4%.

Embora abaixo da média global, Portugal é, ainda assim, o país que mais recupera nas intenções de contratação entre trimestres, a par da Itália, e apenas ultrapassado pelo Brasil.

Na Região EMEA, onde se situa Portugal, a Projeção para a Criação Líquida de Emprego é de +18%, situando-se 2 pontos percentuais acima da registada no último trimestre.

“À semelhança do registado nos últimos trimestres, a região continua a apresentar as intenções de contratação mais baixas entre as quatro analisadas a nível global, que incluem a América do Norte (+27%), a Ásia Pacífico (+23%) e a América Central e do Sul (+22%)”, revela a análise.

O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou 40.374 empregadores, em 42 países e territórios. O próximo estudo será divulgado em setembro de 2024 e comunicará as expectativas de contratação para o último trimestre do ano.

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