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Trabalhadores com salários acima de 2 mil euros mais vulneráveis aos desafios trazidos pela inteligência artificial

Uma fatia de 24,3% desses trabalhadores têm elevada exposição à IA, podendo aumentar significativamente a sua produtividade, mas 26,3% estão em profissões de vulnerabilidade elevada, o que significa as suas tarefas poderão vir a ser substituídas pela IA. As conclusões constam do Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal 2024, relatório anual da Fundação José Neves, divulgado esta quinta-feira.
Homem & Máquina
11 Julho 2024, 00h02

A inteligência artificial (IA) implica novos desafios, mas também novas oportunidades e terá um impacto “complexo” e “multifacetado” no mercado de trabalho. Como a moeda, também tem dias faces. De um lado, a probabilidade das atividades que os trabalhadores realizam poderem ser substituídas (vulnerabilidade elevada), do outro, a probabilidade de serem complementadas pela IA (vulnerabilidade baixa).

A edição 2024 do Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal, relatório anual da Fundação José Neves, divulgado esta quinta-feira, 11 de julho, aborda, entre outros temas relevantes, o impacto da digitalização e da Inteligência Artificial na composição do trabalho, equacionando o aparecimento de um novo mercado de trabalho português.

“Em Portugal, as mulheres e os trabalhadores com níveis de educação mais elevado são os grupos em que a IA poderá ter um impacto maior. Em ambos os casos, a percentagem de trabalhadores que apresentam uma exposição elevada à IA e cujas tarefas podem ser substituídas pela IA é superior”, conclui o estudo.

No caso das mulheres, 15,1% estão em profissões de vulnerabilidade elevada e 5,9% em profissões com vulnerabilidade baixa. Para os homens, estes valores são de 9,4% e de 6,5%, respetivamente.

Em termos etários, o grupo com maior vulnerabilidade elevada está na faixa dos 25 aos 34 anos, onde a percentagem de trabalhadores nessa categoria é de 14,7%.

A análise da vulnerabilidade por nível de remuneração mostra que são os trabalhadores com salários acima dos 2 mil euros quem poderá estar mais vulnerável aos desafios trazidas pela IA. Neste grupo, 24,3% têm exposição elevada à IA, e a sua utilização pode aumentar significativamente a sua produtividade (vulnerabilidade baixa), mas 26,3% estão em profissões de vulnerabilidade elevada, em que poderão ver as suas tarefas substituídas pela IA.

O Estado da Nação revela também que são os trabalhadores no sector das atividades financeiras e de seguros, das atividades de informação e de comunicação e das atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares que apresentam maior vulnerabilidade. Já no sector da Educação, a IA apresenta-se com o índice de complementaridade mais elevado, com 25,7% do emprego na categoria de “Vulnerabilidade baixa”.

Ainda de acordo com o relatório, 51% dos dirigentes e gestores pertencem ao grupo de elevada exposição e complementaridade à IA (vulnerabilidade baixa), com as ferramentas da IA a potenciarem o seu desempenho profissional. No mesmo sentido, estão os profissionais das atividades intelectuais e científicas, onde 29% pertencem ao grupo mais exposto à IA, mas também mais complementar. Porém, neste último grupo profissional, 30% estão em profissões de elevada vulnerabilidade, em que poderão ver as suas tarefas substituídas pela IA.

No sentido inverso, os trabalhadores dos grupos profissionais “Pessoal administrativo” (36%) e “Técnicos e profissões de nível intermédio” (30%) são aqueles para quem a IA potencialmente tornará o seu emprego mais vulnerável, mais passível de ser substituído.

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