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Ex-secretária de Estado da Energia lidera departamento de sustentabilidade do Banco de Portugal

Depois da sua saída do Governo, Ana Fontoura Gouveia regressou em abril ao Banco de Portugal, instituição da qual é quadro.
12 Julho 2024, 16h49

Ana Fontoura Gouveia está a liderar o departamento de sustentabilidade do Banco de Portugal (BdP).

A  ex-secretária de Estado da Energia (janeiro de 2023 a abril de 2024) foi nomeada recentemente para coordenadora da sub-comissão para a sustentabilidade e o financiamento sustentável.

“A Professora Ana Fontoura Gouveia integrou, pela primeira vez, os quadros do Banco de Portugal em 2004. Após outras experiências profissionais, voltou a ter vínculo ao Banco em 2018”, disse fonte oficial do BdP quando questionada pelo JE.

Doutorada em Economia pela Nova School of Business and Economics, saiu do BdP no final de 2019 para assumir o cargo de assessora económica do então primeiro-ministro António Costa. Ficou em São Bento até janeiro de 2023 quando foi nomeada secretária de Estado da Energia do ministro do Ambiente Duarte Cordeiro.

Além do BdP, e das funções no Governo de António Costa, no seu currículo contam funções no Banco Central Europeu (BCE), o Gabinete de Estratégia e Estudos do Ministério da Economia, o GPEARI do Ministério das Finanças, e como Professora Convidada na Nova School of Business and Economics, onde leciona deste 2016, segundo o seu CV que detalha que tem vindo a participar enquanto representante de Portugal em diversos grupos de trabalho internacionais, designadamente da OCDE, da Comissão Europeia e do Sistema Europeu de Bancos Centrais.

O nome da então secretária de Estado foi mencionado na Operação Influencer em novembro de 2023 com o Ministério Público a suspeitar que Ana Fontoura Gouveia (não foi constituída arguida) teria alegadamente cedido às pressões de Vítor Escária a Diogo Lacerda Machado para aprovar procedimentos legais que interessavam à Start Campus, a promotora do centro de dados de Sines. Contudo, o Tribunal da Relação de Lisboa considera que o Ministério Público não conseguiu provar qual a influência que terá sido exercida pela então governante, nem como terá esta reagido a esta influência.

“Quem é que falou, se é que falou, com a secretária de Estado?” (…) “Foi o arguido Diogo Lacerda Machado? Foi o arguido Vítor Escária ? Foram os arguidos Afonso Salema e Rui Oliveira Neves em representação directa da Start Campus? Foram todos falar com a Secretária de Estado da Energia e do Clima? E disseram-lhe concretamente o quê?”, segundo o acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa citado pela “CNN Portugal” a 18 de abril.

“A influência materializou-se (…) através da exposição das características do projeto, dos seus benefícios e da sua urgência ou essa influência traduziu-se na utilização de relações profissionais, pessoais, de amizade, familiares, ao abrigo das quais os arguidos se imiscuíram de forma abusiva e atentatória da liberdade de pensamento e decisão daqueles governantes?”, acrescenta.

“Toda a narrativa contida no requerimento” (…) “assenta em expressões vagas e concludentes sobre a natureza ilícita da influência”, continua.

Sobre o aumento da capacidade da rede elétrica, os magistrados questionaram: “violaria ou não os deveres do cargo de cada um daqueles membros do poder político?”. “​​E tendo ocorrido que concretos actos de intrusão na vontade da Secretária de Estado da Energia e Clima foram praticados e por quem? Foi chantagem, foi só esforço de convencimento sobre as vantagens do empreendimento da Start Campus?”, segundo o documento citado pela “CNN”.

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