Investimento e formação são os ingredientes principais da receita para a inovação na área jurídica. A conclusão foi unânime entre os oradores do painel sobre digitalização na primeira edição da Advisory Summit, organizada esta quarta-feira pelo Jornal Económico (JE).
Advogada in-house, Ana Cristina Borges, membro do conselho de administração da MDS Portugal e consultora jurídica do grupo MDS, não tem dúvidas de que a Inteligência Artificial (IA) traz uma “eficiência gigante” às organizações. “Permite revisitar um contrato e a história desse negócio, desde o momento em que é pensado até à assinatura”, exemplificou, no painel designado “Fostering Innovation in the Legal Industry” (“Promover a inovação no setor jurídico”).
Na opinião da jurista desta seguradora, o acesso online à informação é “fundamental”, porque pouca tempo aos colaboradores da empresa e retira-lhes a necessidade de procurar informação em papel.
Assumidamente otimista, Madga Viçoso, sócia da Morais Leitão, começou por referir que a entrada da IA nas sociedades de advogados inicia-se sempre com processos de automatização de processos jurídicos – um panorama ainda fora da IA -, produção de documentação e submissão de formulários em massa online. Depois, já no contexto da IA, é necessário fazer um “investimento significativo” e controlar a informação jurídica para garantir a sua qualidade e perceber se os sistemas não se baseiam apenas nas sínteses.
“O segundo elemento crítico que se coloca em todas as atividades de serviços é a questão da formação. Todos nós, ao longo da nossa vida profissional, fomos aprendendo e ganhando literacia através de muito distintos destes agora. A ponderação, a capacidade crítica e de supervisionar a máquina, é um desafio extremamente relevante para as gerações mais novas”, explicou a advogada que faz parte do conselho de administração da Morais Leitão e da equipa de comercial e M&A, mercado de capitais e private equity do escritório.
O presidente da Associação das Sociedades de Advogados Portuguesas (ASAP) e sócio da SRS Legal reviu-se nas mensagens partilhadas pelas restantes oradoras, mas deixou um alerta sobre o custo e a rápida evolução. Ou seja, a realização de um investimento elevado num software ou ferramenta digital que passados alguns meses estão completamente desatualizados.
Além de que, no caso dos escritórios que estão a trabalhar com estes sistemas há vários anos, precisaram de tempo até que os mesmos aprendessem a língua portuguesa e, a seguir, o Direito português, destacou José Luís Moreira da Silva. “Atenção aos dados que os clientes deram, com confiança, às sociedades e não os querem ver disseminados pelas plataformas digitais sem cibersegurança”, advertiu o presidente da ASAP e sócio da SRS Legal, na sessão moderada por Nuno Vinha, subdiretor do JE.
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