Nasceu na Índia, que abandonou na sequência da divisão da então colónia britânica em duas nações distintas. A sua província natal passou a integrar o Paquistão, a metade muçulmana do antigo território. Refugiou-se com a família na nova Índia, de maioria hindu e sikh, e terminados os estudos em ciência agrícolas em Nova Deli, doutorou-se na Universidade do Ohio, nos EUA. Aos 79 anos, o seu olhar brilha quando fala na importância de conservar os solos. A voz suave e quase sussurrante do mais citado académico na área da agronomia em 2024, em nada suaviza as suas convicções e visão do mundo. Galardoado com alguns dos mais prestigiados prémios mundiais do setor, como o World Food Prize em 2020, o Japan Prize em 2019 ou o Plant Science and Agronomy Leader Award em 2024, Rattan Lal conversou com o JE na véspera do anúncio do Prémio Gulbenkian para a Humanidade de 2024, que partilhou com dois projetos pioneiros da agricultura sustentável.
Sobre a mudança de mentalidade que é preciso operar para que o solo desempenhe plenamente o seu papel no combate às alterações climáticas, Lal coloca sobre a mesa o valor que considera imprescindível para levar a cabo essa tarefa. “Coloco a fasquia em 100 mil milhões de dólares. As pessoas dizem que é muito dinheiro, mas nós somos 8, 1 mil milhões (MM) e se cada um de nós contribuir com 12 dólares, por ano, chegaremos a esse valor. Todos temos o dever moral de o fazer. E dos 100 MM, diria que 60% deve ser assegurado por países exportadores de petróleo”.
Porquê? “É um dever moral”, assevera. “Depois, os consumidores, todos nós, também temos responsabilidade” nesta matéria. “É uma questão de determinação, de saber se vamos resolver este problema. Fomos nós que o criámos. Cada um de nós é culpado e vítima, em simultâneo”. Mais. “temos de pagar aos agricultores, globalmente falando, 50 dólares por crédito de carbono. Se um agricultor conseguir colocar no solo 1 crédito, isso corresponde a 1 megatonelada de dióxido de carbono. O meu desejo e meta é que eles recebam 50 dólares; ou seja, o objetivo não é produzir mais, mais sim otimizar a produção. Ao fazê-lo, ao respeitar o solo, a agricultura está a contribuir para melhor o ambiente. Para isso, é preciso recompensar os agricultores”.
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