Quando a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, escolheu Tim Walz para ser seu suporte na corrida às presidenciais, o governador do Minnesota não era propriamente uma figura de primeira linha dos democratas – e alguns analistas colocaram a hipótese de ser uma espécie de escolha possível. No segundo dia da convenção democrata que esta a acontecer em Chicago, Tim Walz tratou de deixar essa ideia para trás. E, segundo os jornais norte-americanos, terá conseguido,
Com um apelido já garantido pelos ‘serviços’ dos republicanos (Tampon Tim, por ter apoiado o fornecimento gratuito de tampões e pensos higiénicos às mulheres em idade escolar ou a quem deles mostrasse precisar), o candidato à vice-presidência é agora apontado como a escolha certa para apoiar Kamala na parte da agenda que tem a ver com os temas sensíveis do género. Convém recordar que no centro da agenda está o facto de os republicanos terem conseguido nos últimos meses tornar o aborto ilegal em alguns Estados – a não ser por mal-formação ou violação: Kamala Harris tem sido uma das vozes mais ativas na defesa da lei do aborto e contra aquilo que considera ser o fim de algumas das liberdades fundamentais da América. Nesse quadro. Walz tem tido um papel essencial de suporte e de alinhamento com Harris – o que é importante porque é uma espécie de antítese (não é mulher, não é negro, não é homossexual, não consta que tenha problemas com os géneros naturais) para chegar a uma síntese comum.
Mas o apoio de Walz às mulheres, e particularmente a uma mulher negra, é parte de seu apelo à esquerda política durante uma eleição em que o direito ao aborto está na frente e no centro e as pesquisas mostram uma lacuna de gênero cada vez maior, com as mulheres, especialmente as mais jovens, abraçando o Partido Democrata, dizem estrategistas democratas.
Walz, de 60 anos, um veterano militar, ex-professor do ensino médio e treinador de futebol americano e no segundo mandato como governador de Minnesota, esteve 12 anos no Congresso, representando um distrito rural de tendência conservadora que foi tradicionalmente dominado por republicanos. Foi introduzido por um vídeo narrado pela sua mulher, para explicar que “é a honra da minha vida aceitar a nomeação para vice-presidente dos Estados Unidos”. Walz afirmou que a eleição presidencial deste ano está relacionada em grande parte com a liberdade. “Quando os republicanos usam a palavra liberdade, eles entendem que o governo deveria ser livre para invadir o escritório do seu médico. Corporações, livres para poluir água e ar. E bancos, livres para ter vantagem sobre os consumidores”. Ao contrário, disse, a liberdade significa, para os democratas, “fazer uma vida melhor para nós e para as pessoas que amamos”. Walz atacou diretamente Donald Trump e JD Vance, destacando que “se esses tipos voltarem à Casa Branca”, vão aumentar o custo de vida para a classe média e vão banir o aborto no país “com ou sem o Congresso”. O governador de Minnesota disse que Harris irá “cortar nos impostos” da classe média, atuar quanto ao preço dos medicamentos e ajudar a tornar as casas mais acessíveis. “Não interessa quem você seja, Kamala Harris vai lutar pela sua liberdade para viver a vida que você quer viver”, afirmou o vice.
Neste segundo dia de campanha, a convenção foi ‘abrilhantada’ por mais algumas estrelas ‘de serviço’, desta vez a apresentadora de programas esquisitos e de entretimento Oprah Winfrey, o antigo presidente Bill Clinton e a antiga presidente da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi. As maiores ou menores capacidades discursivas de cada um deles – Pelosi é a mais ‘perra’ – ditou maior ou menor tempo de ovação, mas a mensagem era a mesma: Kamala Harris tem o melhor perfil possível para manter os democratas na Casa Branca. Mesmo assim, a concorrência era brava e imbatível: no dia anterior, o casal Obama tinha colocado a fasquia alto demais.
Fora da arena, os democratas estão agora a estudar o efeito da desistência de Robert Kennedy Jr. em favor de Donald Trump – dizem os jornais norte-americanos que em troca de um lugar na administração pública. Com intenções de voto que não iam além dos 3%, o certo é que, num contexto de grande proximidade entre democratas e republicanos, essa margem pode ser suficiente para alterar o equilíbrio entre os ‘grandes’.
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