Existem 4 fatores principais para a criação de Fintech hubs – capital/investimento, talento/massa crítica, procura (por produtos e serviços) e quadro regulatório.
Com o sucesso dos nómadas digitais na região, com o êxodo de massa crítica jovem, e ainda uma das mais altas taxas de desemprego jovem qualificado do país percebemos que a ilha tem potencial para mais. É este potencial, inexplorado e subavaliado, que venho falar.
A título de exemplo, quer a Islândia quer Malta, têm tido sucesso na criação deste tipo de hubs, cada um com as suas especificidades mas ambas foram capazes de ultrapassar a grande barreira, falta de escala, que afecta a nossa ilha e que muitas vezes serve de bode expiatório como justificação de não se fazer mais e melhor.
Analisando o comportamento da região nos factores acima indicados, percebemos que ao nível do talento preenchemos parte dos requisitos (embora exista espaço para melhoria da posição académica das nossas instituições de ensino superior na região). Ao nível da procura, temos uma região com uma população adepta (e ansiosa por inovações) e um governo, historicamente, recetivo a novos investimentos e oportunidades que possam demarcar a região no atlântico e combater a insularidade.
Beneficiamos ainda de um clima, paisagens e infraestrutras magníficas mas também de um modo de vida invejável, onde a combinação da segurança sentida combina harmoniosamente com uma grande comodidade nas curtas distâncias e na deslocação fácil e rápida na ilha. Isto não beneficia apenas os locais, e permite que sejamos uma das
maiores atrações turísticas do atlântico e mais recentemente um destino de sonho para os nómadas digitais.
Por outro lado, ao nível do capital, embora aja do governo recetividade, pecamos por falta de investimento privado (desafio que a CINM ficou aquém do objectivo). Em relação ao quadro regulatório estamos também limitados e pecam pela morosidade. Assim, a autonomia não foi realizada em pleno sendo que muitas propostas de lei terão que
forçosamente passar pela Assembleia da República.
Há mais um elemento no qual pecamos, a troca de sinergias entre empresas, universidades e outras institutições, mas que está ao nosso alcance e permitirá criar um cluster económico que gere inovação, emprego, e assim aumentos salariais e retenção de talento.
O primeiro passo, é vontade política. Sem vontade de mudar e fazer diferente, não haverá avanços na autonomia e a consequente flexibilização do sistema regulatório, nem o governo regional procurará junto das universidades e do tecido empresarial dar início a novas sinergias que beneficiem ambas as partes.
Como para sonhar ainda não pagamos impostos, deixo aqui esta pequena reflexão. O objectivo é assinalar um caminho alternativo, embora não possamos competir com os grandes hubs de Pequim, São Francisco, Nova Iorque ou Londres, podemos sempre optimizar o nosso talento e combater a drenagem geracional de que somos repetidamente vítimas.
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