Maria da Graça Carvalho visitou hoje a lagoa de Albufeira, no distrito de Setúbal, horas depois de ter terminado a intervenção de abertura do canal que permite a entrada de mar na lagoa, fechado em 21 de julho.
Esta é já a terceira intervenção realizada desde junho, pelo que o município de Sesimbra tem vindo a reclamar uma obra de maior dimensão, com o desassoreamento da lagoa, um compromisso agora assumido pelo Governo.
“Hoje foi um dia importante para a lagoa. Este ano já foi a terceira intervenção. Esta situação é cada vez mais complexa ao longo dos anos porque há uma grande quantidade de areia e menos velocidade da água para entrar. Por isso, viemos anunciar que vamos fazer uma intervenção mais definitiva que resolva o problema de uma forma mais sustentável e mais perene”, disse a ministra do Ambiente, em declarações aos jornalistas.
O projeto, adiantou, já está desenhado pela Associação Portuguesa do Ambiente (APA), em cooperação com a Câmara Municipal de Sesimbra, já tem financiamento e o Estudo de Impacto Ambiental, “pelo que pode andar rapidamente para que na próxima época balnear já esteja acabado e feito”.
A empreitada, que inclui trabalhos prévios de monitorização já a partir de outubro, visa criar uma maior e mais profunda abertura de ligação de lagoa ao mar, o que o Ministério do Ambiente e Energia considera essencial para as atividades balneares e desportivas e para a aquacultura.
A obra da própria ligação, segundo o ministério, terá início em meados de março e irá ser financiada pelo Programa Operacional Sustentável 2030.
“A obra demora cerca de 14 semanas a ser feita. Esperamos que na primavera do ano que vem esteja o projeto completo”, disse Maria da Graça Carvalho, adiantando que o investimento será na ordem dos dois milhões de euros.
A governante deu ainda a garantia ao presidente da Câmara Municipal de Sesimbra de que as máquinas que procederam à abertura do canal durante esta semana se vão manter no local por mais uns dias.
Para o presidente da autarquia, Francisco de Jesus, é uma boa notícia poder ter as máquinas para conseguir a renovação da água, assim como a operação de fundo poder avançar antes da época balnear de 2025.
“Agradecemos muito. Temos feito muita pressão junto da APA, que conhece esta dificuldade que o município de Sesimbra tem. A melhor notícia que podíamos ter era esta de que se avança imediatamente, com o objetivo de antes da próxima época balnear poder estar concluída”, disse.
Uma primeira abertura do canal ocorreu em 25 de junho e, devido ao assoreamento natural, foi necessária uma reabertura em 11 de julho.
Durante esse período, segundo a APA, foi feita uma monitorização ativa à qualidade da água, com recolhas de amostras realizadas em várias datas, “cujos resultados indicaram que as águas balneares se mantiveram próprias para a prática balnear, conforme os padrões legais vigentes”.
Mais recentemente, em 31 de julho, segundo o ministério, novas inspeções revelaram que a lagoa apresentava boa qualidade da água na superfície, mas com diminuição da concentração de oxigénio nas camadas mais profundas e degradação da qualidade da água, especialmente em áreas próximas às jangadas de aquacultura de mexilhão.
Face a este cenário, que tem sido cada vez mais frequente devido a fenómenos naturais, a tutela deu indicações para que se iniciassem os trabalhos preparatórios para uma terceira reabertura, tendo estes arrancado em 19 de agosto e ficado concluídos hoje.
No início de agosto, o município e moradores da zona exigiram à APA a abertura de um canal de maiores dimensões e o desassoreamento.
Num abaixo-assinado que recolheu cerca de cinco mil assinaturas, moradores e autarquia reivindicavam uma nova intervenção de imediato, que ficou concluída hoje, e uma outra de maior dimensão para resolver o problema a longo prazo.
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