Israel prepara-se para exportar a guerra da Faixa de Gaza para a Cisjordânia

Se alguém ainda tinha dúvidas sobre as intenções de Israel ocupar toda a Palestina – o que inclui a Faixa de Gaza e a Cisjordânia – elas desfizeram-se nas últimas 24 horas, depois de as forças de defesa do Estado hebraico (IDF) terem iniciado um ataque ao território administrado pela Autoridade Palestiniana, prontamente desautorizado pelas Nações Unidas. Os sintomas de que este ataque poderia estar para breve acumulam-se desde outubro do ano passado – mas tornaram-se mais evidentes ao longo desta semana, quando vários ministros israelitas, incluindo os detentores da pasta dos Negócios Estrangeiros, Israel Katz, e da Agricultura, Avi Dichter, afirmaram que os palestinianos a viverem em determinados lugares da Cisjordânia deviam ser evacuados das suas residências.

A operação que Israel está a levar a efeito na Cisjordânia tem duas consequências imediatas: retira ainda mais sentido (se é que ainda tinha algum) às negociações para um cessar-fogo que vão ‘saltitando’ entre o Egipto e o Qatar; e são uma pesada derrota, quer interna quer externa, para a administração norte-americana de Joe Biden. O ainda presidente tinha apostado tudo num novo plano para o cessar-fogo, que nas últimas duas semanas foi trabalhado pelos norte-americanos no meio das recusas tanto de Israel como do Hamas em subscrevê-lo.

O afã dos democratas resultava, evidentemente, dos benefícios internos que um cessar-fogo teria sobre a campanha eleitoral da sua vice, Kamala Harris – e o bloqueio da sua assinatura é uma pesada derrota para os democratas. Alguns jornais norte-americanos levantam a hipótese de este ataque à Cisjordânia ser do conhecimento antecipado do candidato republicano, Donald Trump – que há precisamente um mês se encontrou com o primeiro-ministro israelita em Palm Beach, na Flórida.

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