O primeiro-ministro aproveitou o encerramento da Universidade de Verão do PSD para deixar críticas à oposição, sobretudo ao PS e ao Chega, acusando-os de eleitoralismo, mas garantindo que o Governo mantém a porta aberta à negociação para o Orçamento do Estado para 2025 (OE2025). Luís Montenegro aproveitou ainda para fazer um balanço da governação até agora e defender a escolha de Maria Luís Albuquerque para a Comissão Europeia, argumentando que os responsáveis pela chegada da troika a Portugal foram os socialistas.
No encerramento da Universidade de Verão, este domingo, em Castelo de Vide, Montenegro deixou alguns reparos à reação da oposição às medidas recentemente anunciadas pelo Governo para reforço do rendimento e dos serviços públicos à população, nomeadamente o passe ferroviário nacional, o reforço das vagas em Medicina e o suplemento extraordinário para pensionistas. O primeiro-ministro rejeita as acusações de eleitoralismo, devolvendo a crítica.
“As eleições são só daqui a quatro anos, em setembro ou outubro de 2028. Quem fala em eleitoralismo é alguém que está a contar ter eleições mais cedo, não somos nós. É quem as quer provocar [eleições]”, afirmou, identificando alguma “desorientação” e “quem se engasgasse” na oposição com as críticas às medidas.
Na mesma linha da “desorientação” da oposição, Montenegro aproveitou para relembrar que foi o PS o responsável pela chamada da troika a Portugal, recusando que o rosto da austeridade seja Maria Luís Albuquerque. A antiga ministra das Finanças foi a grande novidade na Universidade de Verão, tendo discursado no sábado apesar de não figurar no programa do evento.
“A história está mais do que ilustrada. Na verdade, sempre que houve troika em Portugal, os pais das políticas de austeridade que as troikas trouxeram foram os governos do PS. É factual, não é sequer suscetível de opinião e, portanto, não percamos tempo com isso”, atirou em resposta às palavras à esquerda aquando do anúncio da antiga ministra para comissária portuguesa em Bruxelas.
Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro estranhou que, por um lado, haja acusações de eleitoralismo, enquanto, do outro, é classificado como querendo trazer de volta a austeridade com a escolha para a Comissão.
“Não são medidas eleitoralistas, são medidas agradáveis”, defendeu, explicando que “só estão a ser tomadas agora porque não foram tomadas antes”, um claro reparo aos anteriores governos socialistas.
Ainda assim, o líder do Governo garantiu que as negociações para o OE2025 continuam abertas, não deixando, contudo, de aproveitar para lançar algumas ‘farpas’ aos líderes dos dois maiores partidos da oposição.
Por um lado, André Ventura, presidente do Chega, que se “sentiu despeitado” ao ler “uma notícia que, por acaso, não é verdade” sobre alegadas negociações orçamentais entre PSD e PS e, perante tal cenário, anunciou “de forma imatura” o chumbo ao documento; por outro, Pedro Nuno Santos, secretário-geral socialista, que, contrariamente ao que teria sido combinado – os partidos voltarem a falar em setembro – se diz despeitado por não ter sido ouvido em agosto.
O primeiro-ministro garantiu ainda que o Governo cumprirá o seu programa caso “haja responsabilidade política geral em Portugal para não haver um bloqueio governativo”, marcando novamente como linha vermelha o cumprimento do programa eleitoral da AD, mas colocando do lado do PS e Chega a responsabilidade por uma possível não aprovação do OE2025.
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