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Fitch projeta perdas agregadas do Eurosistema de mais de 160 mil milhões até 2028

“Projectamos as perdas agregadas do Eurosistema em mais de 160 mil milhões de euros (em média 0,2% do PIB por ano) entre 2024 e 2028, antes de provisões, de reservas e, no caso dos Bancos Centrais Nacionais, de impostos”, refere a Fitch.
10 Setembro 2024, 13h00

Os prejuízos dos bancos centrais da zona euro atingirão o seu máximo em 2024, mas persistem, apesar da redução do balanço, defende a Fitch numa análise publicada esta terça-feira, intitulada Fitch – Eurozone Central Banks Face Further Losses.

Os bancos centrais nacionais (BCN) da área do euro e o Banco Central Europeu (BCE) – coletivamente, o Eurosistema – enfrentam perdas prolongadas em resultado do aumento das despesas com juros sobre as reservas dos bancos comerciais. Estas reservas foram reforçadas ao longo da última década pela flexibilização quantitativa (Quantitative Easing) em grande escala.

“Projetamos as perdas agregadas do Eurosistema em mais de 160 mil milhões de euros (em média 0,2% do PIB por ano) entre 2024 e 2028, antes de provisões, de reservas e, no caso dos Bancos Centrais Nacionais, de impostos”, refere a Fitch.

A agência diz que estas perdas afetarão o capital dos bancos centrais e impedirão as transferências para os respetivos governos (através de dividendos), exercendo uma pressão adicional sobre as finanças públicas dos Estados. Dos quatro maiores BCN que analisamos em pormenor, o Bundesbank (BBK) – que esgotou as provisões remanescentes contra riscos em 2023 – e o Banque de France (BdF) serão os mais afetados.

Perdas excedem o capital, mas não os fundos próprios globais

A Fitch diz que estima que os quatro Bancos Centrais Nacionais (Espanha, França, Itália e Alemanha) e o Eurosistema no seu conjunto devem manter um capital líquido global positivo.

“Tal deverá limitar os riscos para a credibilidade da política monetária e o risco de os governos terem de os recapitalizar. A posição de capital líquido dos bancos centrais do Eurosistema (SEBC) é impulsionada pelos ganhos de reavaliação das suas detenções de ouro”, refere a Fitch.

Os bancos centrais do Eurosistema também incorreram em perdas de valorização “nos títulos” de até 3% do PIB da zona euro em obrigações adquiridas durante o QE, mas estas perdas só teriam de ser reconhecidas no caso improvável de os títulos serem vendidos antes do vencimento.

Taxas mais baixas, redução gradual dos ativos

“Partimos do princípio de que o BCE reduzirá a taxa da facilidade de depósito (DFR) para 2% até meados de 2026 e que a carteira do programa de compra de ativos (APP) do Eurosistema será reduzida à medida que os títulos forem vencendo”, diz a Fitch.

Se a Deposit Facility Rate (DFR) se mantivesse mais elevada durante mais tempo, as perdas seriam mais elevadas.

“Sem alterar a remuneração das reservas, existem poucas opções de política económica para reduzir as perdas. Uma maior restritividade quantitativa (ativa), ou quantitative tightening (QT), reduziria as despesas com juros, mas cristalizaria as perdas de valorização”, acrescenta a agência.

Atualmente, a Fitch não espera quaisquer implicações de classificação direta nos ratings decorrentes das perdas do Eurosistema, dadas a sua escala projetada, a capacidade dos balanços dos bancos centrais nacionais para as absorver, o seu impacto moderado nas finanças públicas e o baixo risco para a credibilidade do banco central.

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