O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu hoje aos Estados-membros “coragem” e “ambição máxima” nos estágios finais de negociação de três acordos a serem adotados na Cimeira do Futuro, agendada para este mês em Nova Iorque.
Em negociação estão o Pacto para o Futuro, o Pacto Digital Global e a Declaração sobre Gerações Futuras, com Guterres a apelar agora aos líderes mundiais que “pressionem fortemente” por reformas mais profundas e ações mais significativas possíveis.
“Precisamos de ambição máxima durante estes últimos dias de negociação. Porque os desafios que enfrentamos estão a mover-se muito mais rápido do que nossa capacidade de resolvê-los”, afirmou o líder das Nações Unidas numa declaração em vídeo durante um evento virtual organizado dez dias antes da cimeira.
O ex-primeiro-ministro português lançou em 2021 a ideia desta Cimeira, que decorrerá à margem da semana de alto nível da Assembleia-Geral da ONU e que estará focada na necessidade inadiável de uma maior cooperação internacional para enfrentar desafios urgentes como mudanças climáticas, pobreza e desigualdade, ao mesmo tempo em que o mundo se debate com os impactos de conflitos e crises globais de saúde.
Nos dias 22 e 23 de setembro, a Cimeira do Futuro receberá chefes de Estado e de Governo de todo o mundo, que deverão adotar o “Pacto para o Futuro”, um documento orientado para a ação que visa reforçar a cooperação global e uma melhor adaptação aos desafios atuais para o benefício da população e das gerações futuras.
Embora prossigam intensas negociações, a última versão do texto publicada no final de agosto é descrita por muitos observadores como desprovida de ambição.
“Não temos uma resposta global eficaz para ameaças novas e até existenciais. Nove anos após o Acordo de Paris, a crise climática ainda está a acelerar, e tecnologias como Inteligência Artificial estão a ser desenvolvidas num vácuo ético e legal. As nossas instituições não conseguem acompanhar, porque são projetadas para outra era e outro mundo”, observou o secretário-geral.
Guterres frisou ainda que o próprio Conselho de Segurança da ONU “está preso num túnel do tempo” e que a arquitetura financeira internacional está “desatualizada e é ineficaz”.
“Simplesmente não estamos equipados para enfrentar uma ampla gama de questões emergentes”, frisou.
“Peço aos Estados-Membros que ajam rapidamente, com visão, coragem, solidariedade e espírito de compromisso, para levar os três rascunhos de acordos até à linha de chegada. Vamos aproveitar ao máximo esse marco crítico no caminho para um multilateralismo mais conectado, eficaz e inclusivo para o século XXI”, concluiu.
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