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EUA: Kamala Harris deixa Donald Trump para trás nas sondagens

Estudos sobre as intenções de voto que já refletem os acontecimentos de domingo passado indicam que os eleitores parecem insensíveis a mais uma alegada tentativa de assassinado de Donald Trump.
17 Setembro 2024, 07h30

O episódio de domingo que envolveu o candidato republicano às presidenciais dos Estados Unidos, Donald Trump – uma alegada tentativa de assassinato cujo autor foi entretanto encarcerado pelos serviços secretos – não parece ter funcionado em seu favor, ao contrário do que é costume em todas as geografias. As sondagens realizadas já depois do alegado atentado mostram que a sua oponente, a democrata Kamala Harris, está a consolidar a sua posição de liderança. Há, evidentemente, sondagens que conservam Trump na liderança – mas as que são mais comummente usadas pela comunicação social (faltando provas que são as mais fiáveis), colocam Harris em primeiro lugar.

Assim, o Silver Bulletin, de Nate Silver, adianta que Kamala Harris está frente com 48,6% das intenções de voto, relegando Trump para os 46,4% – um ‘gap’ de 2,2 pontos percentuais que é dos mais significativos nas semanas mais recentes. O Silver Bulletin diz usar um modelo “descendente direto do FiveThirtyEight” – cujo último resultado mostra uma diferença entre ambos ainda mais acentuada: 2,6 pontos percentuais (que mediam 48% e 45,6% entre Harris e Trump.

A comunicação social norte-americana – pelo menos aquela que costuma surgir como a mais não-alinhada – deixa passar a perceção de que há dúvidas sobre se os acontecimentos de domingo configuram de facto um atentado. Uma perceção que está nos antípodas do que sucedeu com o atentado visto em direto a 13 de julho passado – que não mereceu quaisquer dúvidas sobre as intenções do atirador – e que leva esses meios a insistirem no substantivo ‘aparente’ quando se debruçam sobre os acontecimentos.

De qualquer modo, o homem que protagonizou os acontecimentos já se encontra sob custódia policial e já foi acusado criminalmente pelos promotores públicos federais esta segunda-feira, um dia depois de ter sido surpreendido em flagrante com uma espingarda nas mãos enquanto permanecia escondido nos arbustos do campo de golfe de Trump na Flórida. Os promotores apresentaram duas acusações contra o suspeito, Ryan Routh – uma delas tem a ver com a arma e segundo os jornais norte-americanos é apenas um expediente para que a Justiça possa manter a custódia do suspeito enquanto procura para outras acusações.

Agentes da segurança de Trump (os serviços secretos do país) abriram fogo sobre Routh quando este estava entrincheirado a poucas centenas de metros de Trump, mas mesmo assim o suspeito conseguiu fugir num automóvel, deixando para trás duas mochilas e a arma. Mas acabou por ser preso em pouco tempo e apresentado a um tribunal federal em West Palm Beach, Flórida.

Os acontecimentos de domingo reavivaram o debate sobre questões de segurança: como é que um cidadão armado consegue chegar tão perto de um candidato às presidenciais – principalmente porque só passaram dois meses depois de outro atirador ter conseguido alvejar Trump em Butler, na Pensilvânia. Os serviços secretos, encarregados de proteger todos os candidatos presidenciais, “precisam de mais ajuda”, incluindo mais pessoal, disse o presidente Joe Biden na manhã desta segunda-feira, depois de se congratular por Trump ter saído ileso da peripécia.

O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Mike Johnson, que convocou uma comissão bipartidária para investigar a primeira tentativa de assassinato, disse em entrevista à Fox News que o Congresso também examinaria os acontecimentos deste domingo. “Precisamos de responsabilidade”, disse Johnson, que também pediu mais recursos para proteger Trump. O diretor interino dos serviços secretos, Ronald Rowe – que substituiu a anterior diretora, Kimberly Cheatle, ‘despedida depois dos acontecimentos de 13 de julho – deslocou-se de imediato à Flórida

Segundo a imprensa norte-americana, o suspeito terá 58 anos e é um defensor ferrenho da Ucrânia – para onde terá viajado já depois da invasão russa em fevereiro de 2022, na tentativa de recrutar combatentes estrangeiros para auxiliar o país invadido. Contas nas redes sociais – entretanto barradas ao acesso público – dão o suspeito como alguém que considera Donald Trump uma ameaça à democracia nos Estados Unidos. Exatamente o mesmo que diz a candidata democrata – o que já levou Trump a voltar a acusar os democratas, nomeadamente Biden e Harris, serem uma espécie de ‘autores morais’ das tentativas de assassínio.

Estava previsto que a Carolina do Norte, um dos Estados-chave das eleições, abriria a votação antecipada no passado dia 7 de setembro. O Estado enviou os boletins de votação aos eleitores que por algum motivo não poderão votar presencialmente no dia 5 de novembro. O voto antecipado feito de modo presencial só terá início em outubro. Outros cinco Estados iniciam a votação antecipada presencial neste mês de setembro: Pensilvânia (ontem, segunda-feira), Minnesota e Virgínia (20 de setembro), Vermont (21) e Illinois (26).

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