Quando um automóvel é abatido e entra numa zona de sucata está muito longe de ter deixado de esconder interesse económico – e só alguém muito distraído trataria de o colocar numa pensa para o transformar num amontoado de ferros retorcidos sem qualquer préstimo. É exatamente quando um automóvel deixa de ter condições para circular e a sua licença é cancelada que passa a ser um ativo para o negócio da B-Parts, uma empresa especializada no comércio exclusivamente on-line de peças em segunda mão – ou em segunda vida.
A empresa surgiu no Porto há cerca de uma década pela mão dos empreendedores Luís Vieira e Manuel Monteiro, mas rapidamente mereceu o interesse da gigante Stellantis (Fiat, PSA e Chrysler), que acabou por comprar a maioria do capital (em 2020) sem, contudo, pretender detalhar qual é a sua posição acionista específica. Os 30 milhões de euros que a B-Parts faturou no ano passado são apenas uma muito pequena parte das receitas de 189,5 mil milhões de euros que o gigante da venda de automóveis obteve em 2023 –, mas a empresa nacional tem uma vantagem: as vendas e os lucros da Stellantis demonstravam estar a derrapar no final do primeiro semestre do ano (menos 14% e menos 48%, respetivamente), enquanto a B-Parts esta a seguir no sentido exatamente contrário.
José Maria Júdice, COO (Chief Operating Officer) da B-Parts, diz ao Jornal Económico (JE) que “as perspetivas para 2024 são de contínuo crescimento”, tal como tem sucedido desde a fundação da empresa – numa altura em que já atingiu o patamar dos 60 colaboradores, constando entre eles os seus dois fundadores, que continuam a fazer parte da administração.
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