Na sequência dos maus resultados que Liberais do FDP, Verdes e a esquerda tradicional (Die Linke) tiveram nas eleições em três regiões do leste da Alemanha ao longo deste mês (Turíngia, Saxónia e Brandemburgo), os pequenos partidos estão a avaliar, segundo a imprensa germânica, o que ‘fazer à vida’. Nada disso teria um impacto político de monta, se não se desse o facto de dois daqueles três partidos (liberais e verdes) fazerem parte da coligação que está no governo. Ou seja, dizem os analistas – e apesar de o SPD do chanceler Olaf Scholz ter ganho em Brandemburgo contra as sondagens e contra a extrema-direita – todos os três partidos que lideram o país estão, neste momento, em crise.
O facto de Scholz não ter aparecido na campanha do seu partido em Brandeburgo (a pedido da estrutura regional do SPD) dá mostra do quanto a imagem do chanceler está desgastada. Mas, num contexto em que a Alemanha não é conhecida por os seus governos deixarem as legislaturas a meio, ninguém antecipa que Scholz esteja de saída até setembro do próximo ano, altura em que haverá eleições gerais (já marcadas).
Ao contrário, o presidente dos liberais do FDP, Christian Lindner, não descarta a saída do governo, se os três partidos não conseguirem chegar a acordo sobre as grandes prioridades políticas. Ministro das Finanças desde a primeira hora, a sua saída seria uma péssima notícia para o chanceler. E mesmo que a coligação aguentasse o executivo, a sua posição política ficaria ainda mais fragilizada
Quanto aos Verdes – que ficaram ‘escandalosamente’ fora do parlamento de Brandemburgo – ninguém sabe como o partido irá reagir aos maus resultados. Mas uma coisa parece certa: se esses resultados se estenderem ao resto do país, a partir de setembro de 2025, os Verdes já não tomarão parte em nenhuma coligação, pelo simples facto de não estarem no parlamento.
O Die Linke tem, por seu turno, uma muito inesperada concorrência: o BSW (Bundnis Sahra Wagenknecht), um partido recentemente formado que conseguiu excelentes prestações nas três regiões que foram a votos este mês. A formação apresenta uma curiosa amálgama de opções políticas, que mistura as tradicionalmente de direita (no que tem a ver com os imigrantes e a política de fronteiras, por exemplo) com o figurino natural da esquerda (ex-comunista). Pelos vistos, os alemães ficaram encantados com o mix, e o BSW pode entrar para as diversas coligações que vão dirigir as três regiões onde sucedeu a auscultação pública.
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