As tensões no Médio Oriente têm-se intensificado nos últimos dias. Neste contexto, levanta-se a possibilidade de encerramento do Estreito de Ormuz, que representa um forte alerta para o mercado petrolífero à escala global. Em causa está uma eventual subida dos preços e até um travão ao ciclo de cortes nas taxas de juro
De acordo com uma análise da corretora XTB, divulgada esta terça-feira, a descida dos preços do barril de Brent e de crude, que se verificou nos últimos dia, está ligada aos rumores de um aumento de produção da OPEP+, que integra países como Arábia Saudita, Irão, Iraque, Líbia, Catar e Emirados Árabes Unidos, todos eles situados no Médio Oriente.
Ainda assim, as descidas podem ser contrariadas pela eventualidade de deixar de ser possível os navios atravessarem o estreito de Ormuz. Refira-se que por ali passa entre 30 e 40% do tráfego marítimo de petróleo de todo o mundo, o que inclui as exportações daqueles países do Médio Oriente.
Ora, visto que se trata de um espaço relativamente curto, localizado entre as costas do Irão, Emirados e um enclave de Omã, o mesmo corre o risco de ser encerrado, o que resultaria num decréscimo muito significativo da oferta disponível. Isto numa altura em que Israel tem lançado ataques sobretudo contra o Líbano e vem a ser alvo de mísseis balísticos dos houthis, que contam com o apoio do Irão.
O impacto seria notório não apenas naquele mercado, como também na taxa de inflação e, por consequência, nas decisões da política monetária dos bancos centrais.
De resto, os receios estão a fazer subir os preços do barril de Brent e de crude perto dos 4%, na sessão desta terça-feira.
“A escalada do conflito no Médio Oriente, incluindo a ameaça de encerramento do Estreito de Ormuz, pode levar a uma subida dos preços do petróleo, aumentando, assim, a inflação”, pode ler-se na análise da XTB.
Uma situação que “comprometeria os planos dos bancos centrais”, numa altura em que o BCE está a ponderar efetuar um novo corte de 25 pontos base (p.b.) já em outubro, ao passo que a Fed parece ter na calha um corte de 50 p.b. planeado para novembro. Na análise, sublinha-se que a eventualidade de um encerramento do Estreito de Ormuz é, “há vários meses”, o “grande receio de Wall Street”.
De qualquer modo, os analistas assinalam que “o prémio de risco geopolítico nos mercados petrolíferos permanece surpreendentemente baixo, ofuscado pelos receios de um abrandamento económico na China e nos Estados Unidos”.
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