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Consórcio Balbec/LX Partners compra portfólio de 90 milhões de malparado do BCP

O projeto Swift adquirido pelo consórcio Balbec/Lx Partners será gerido pela Álgebra Capital. A carteira de malparado do BCP é composto por crédito malparado sem garantias (unsecured) no montante de 90 milhões de euros. Não foi possível apurar o valor da aquisição.
ANTÓNIO COTRIM/LUSA
7 Outubro 2024, 07h31

O consórcio Balbec – LX Partners venceu a corrida à compra do portfólio de crédito malparado do Millennium BCP, ficando para trás o fundo britânico LCM Partners e a Arrow Global, segundo revelou uma fonte do mercado ao Jornal Económico.

O designdo “Projecto Swift” é composto por crédito malparado sem garantias (unsecured) no montante de 90 milhões de euros. Não foi possível apurar o valor da aquisição que terá naturalmente de incorporar um desconto, uma vez que se tratam de ativos problemáticos.

O “Projecto Swift” adquirido pelo consórcio Balbec/Lx Partners será gerido pela Álgebra Capital.

A Balbec com a Lx Partners está apostada em ser o maior investidor e servicer em Portugal e a prova disso é que antes de ganharem o “Projeto Swift”, ganharam o “Projecto Zezere” do Banco Montepio. Uma carteira de Non Performing Loans (NPL), ou crédito malparado, que tinha um valor contabilístico de 120 milhões de euros.

O consórcio Balbec – LX Partners, está também na corrida à compra de uma carteira de malparado do fundo KKR, apelidado de “Projecto Nata”, e que consiste na revenda de um portfólio comprado ao Novobanco em 2018, no valor contabilístico de 700 milhões de euros, composto por crédito malparado com garantias (secured), e cujas propostas vinculativas têm de ser entregues a 9 de outubro. Na corrida estão também o fundo britânico LCM Partners e a Arrow Global.

A Balbec Capital LP, fundada por Bernardo Simões e Vittorio Calvi di Bergolo, está também em parceira com a Lx Partners no designado “Projeto Cascais”. A parceria abrange a gestão do portfólio atual de crédito malparado (Non Performing Loans) que soma 5 mil milhões de euros, dos quais 4 mil milhões são crédito unsecured (sem garantias) e os outros mil milhões crédito secured (com garantias).

 

BCP continua a vender malparado antigo

O BCP já tinha vendido este ano uma carteira apelidada de “Projeto Spring” no valor de 265 milhões de euros, composta por single names, isto é, créditos de grandes clientes que estão em situação de incumprimento, e que, segundo as nossas fontes, foi comprada pela Arrow Global em consórcio com a CRC Capital.

O chamado “Projeto Spring”, segundo o Eco, tem praticamente metade do valor em créditos à Inapa e à Parkalgar, ambas com o valor bruto (isto é, sem imparidades) de cerca de 80 milhões de euros.

A venda de NPL é parte da atividade normal das instituições financeiras, permitindo retirar ativos não produtivos do balanço e reduzir requisitos de capital.

A recente atualização do rating do BCP por parte da S&P Global é justificada em parte pelo facto de o maior banco privado em Portugal ter reduzido para metade o seu stock de NPE (Non Performing Exposures) desde o final de 2019 (para um rácio de NPE reportado de 3,4% no final de junho de 2024).

Os créditos não produtivos têm um impacto direto nos bancos, e por consequência, na estabilidade financeira do sistema bancário.

Além disso, as perdas associadas aos NPL/NPE têm de ser reconhecidas nas contas dos bancos através do registo de imparidades o que penaliza os resultados dos bancos e, consequentemente, os rácios de capital.

Acresce ainda que os requisitos de capital tendem a ser superiores em instituições com elevado nível de NPL/NPE, o que leva a uma maior dificuldade em aceder aos mercados financeiros para emissão de dívida e capital.

A redução dos riscos do setor no sistema e a melhoria do perfil de risco de crédito do BCP, tanto em termos absolutos como relativos levou a agência de notação financeira S&P Global subiu o rating da dívida sénior unsecured do BCP de BBB para BBB, mantendo o Outlook positivo.

“A revisão em alta do rating do BCP reflete, por um lado, a melhoria da perceção dos riscos associados ao sistema financeiro português por parte da S&P e, por outro, a melhoria do perfil de risco de crédito do BCP, tanto em termos absolutos como relativos”, segundo o comunicado do banco liderado por Miguel Maya.

A S&P salienta a forte redução do stock de Nonperforming Exposures (NPE) desde o final de 2019, a sólida rendibilidade, a melhoria da capitalização e a manutenção de elevados níveis de liquidez e o equilibrado perfil de funding.

A S&P prevê que o BCP continue a apresentar uma forte capacidade de geração de resultados,
mantendo um elevado nível de eficiência bem como níveis sólidos de capital.

A manutenção do Outlook positivo sobre o BCP por parte da S&P significa que esta agência de rating poderá, nos próximos 1824 meses, vir a rever em alta a notação de rating de longo prazo atribuída ao BCP, caso o banco continue a aumentar e a preservar, de forma sustentável, os seus níveis de capitalização.

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