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Influencers financeiros na mira da CMVM

O regulador alerta que nem todos têm as “qualificações necessárias” para partilhar informação sobre produtos e serviços de investimento, “podendo igualmente estar mal informados, levando os seus seguidores/subscritores a tomar decisões financeiras erradas ou desadequadas”, com eventuais perdas financeiras.
8 Outubro 2024, 08h28

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) alertou esta segunda-feira para o risco dos finfluencers, os influenciadores que falam ou escrevem sobre investimentos nas redes sociais.

O regulador alerta que é preciso avaliar os finfluencers e a qualidade da informação que prestam nas redes sociais.

“Os Finfluencers podem desempenhar um papel importante, designadamente na divulgação de informação e na promoção da literacia financeira, mas também é necessário ter alguns cuidados”, defende a CMVM, no Guia do Investidor, publicado no arranque da Semana Mundial do Investidor.

Os Finfluencers contribuem para uma maior democratização do conhecimento sobre finanças pessoais e investimentos, transmitindo informações que podem não ser, de outro modo, facilmente acessíveis a determinados segmentos da população, reconhece a CMVM

Ao recorrer às redes sociais, os Finfluencers alcançam um público vasto e diversificado. Por outro lado, a natureza interativa das redes sociais permite que os seguidores/subscritores façam perguntas e obtenham respostas rapidamente.

Mas, “nem todos os Finfluencers têm as qualificações necessárias para partilhar informação sobre produtos e serviços de investimento, podendo igualmente estar mal informados, levando os seus seguidores/subscritores a tomar decisões financeiras erradas ou desadequadas, com eventuais perdas financeiras”, ressalva a CMVM.

Por outro lado, alguns influenciadores das finanças podem promover, através das redes sociais, investimentos ou instrumentos financeiros recebendo por isso uma compensação, “mas sem divulgar esse conflito de interesse de maneira adequada”.

“A necessidade de aumentar o número de seguidores/subscritores, pode levar à criação de conteúdo atrativo e de fácil consumo, abordando de forma superficial e incompleta temas complexos, que requerem uma análise mais profunda”, alerta a CMVM.

“Os Finfluencers partilham conteúdos sobre temas financeiros através das redes sociais ou de outros canais digitais, podendo influenciar a decisão de investimento de quem os segue”, refere o supervisor dos mercados que lembra ainda que muitos jovens acedem a conteúdos de Finfluencers disponibilizados de forma gratuita e em formatos apelativos.

A qualidade da informação partilhada por Finfluencers deve ser avaliada criticamente”, alerta a CMVM, no Guia do Investidor, publicado ontem.

No Guia do Investidor é revelado que há dois tipos de Finfluencers: os que têm uma relação contratual com intermediários financeiros que estão habilitados a prestar serviços de investimento no nosso país e os que divulgam conteúdos de forma
independente, sem qualquer relação contratual com um intermediário financeiro específico.

Se o Finfluencer efetuar aconselhamentos de investimento personalizados (atividade de consultoria para investimento), deve estar registado e autorizado pela CMVM como consultor autónomo ou comunicado à CMVM como agente vinculado de determinado intermediário financeiro. Excetuam-se os casos em que o Finfluencer é colaborador de um intermediário financeiro e atua como tal.

Se o Finfluencer emitir recomendações de investimento genéricas, deve previamente comunicar à CMVM um conjunto de elementos, enquanto analista financeiro.

Se o Finfluencer efetuar publicidade e/ou prospeção dirigidas à celebração de contratos de intermediação financeira ou à recolha de elementos sobre clientes atuais ou futuros, deve ter sido comunicado à CMVM como agente vinculado do intermediário financeiro, excetuando os casos em que o Finfluencer é colaborador de um intermediário financeiro e atua como tal ou os casos em que o conteúdo produzido pelo Finfluencer está claramente identificado como publicidade e nela se identifica quem é o intermediário financeiro responsável pela mesma publicidade.

A recomendação da CMVM deixada no guia é que se “deve sempre fazer uma análise crítica dos conselhos que recebe de Finfluencers, de forma a evitar decisões de investimento desadequadas face ao seu perfil e objetivos. Pode também procurar outras opiniões”. “Não deixe de investir no seu próprio conhecimento”, apela a CMVM.

A CMVM associou-se à Semana Mundial do Investidor, uma iniciativa global promovida pela IOSCO, que decorre de 7 a 11 de outubro, com o objetivo de sensibilizar para a importância da literacia financeira e da proteção do investidor.

O Guia do Investidor é um documento dirigido a investidores não profissionais e a potenciais investidores, com o objetivo de abordar temas atuais e auxiliar nas decisões de investimento. Dividido em cinco capítulos, aborda alguns temas como “investir ao longo da vida”, os princípios básicos e estratégias para ajudar a tomar decisões de investimento.

Mas também o risco e a rentabilidade dos instrumentos financeiros, o significado e importância do conceito de Value for Money na gestão dos investimentos. Depois, os Finfluencers e o seu papel nas decisões de investimento e as plataformas de investimento digital, o que são e quais os critérios a ter em conta na hora de investir através destas plataformas.

Por fim, a CMVM fala os impostos aplicados a instrumentos financeiros: tributação de ações, obrigações, unidades de participação de Organismos de Investimento Coletivo e Planos de Poupança Reforma para investidores particulares residentes em Portugal.

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