Nos primeiros nove meses de 2024, Portugal enviou para reciclagem 360.975 toneladas de embalagens, o que representa um aumento de 4% em comparação com o mesmo período de 2023. No entanto, esse crescimento não é suficiente para que o país atinja as novas metas europeias de reciclagem, que estabelecem que, até 2025, Portugal deve reciclar pelo menos 65% de todas as embalagens colocadas no mercado, destaca a Sociedade Ponto Verde (SPV).
Atualmente, a taxa de retoma das embalagens está em 55,3%, o que indica que o país ainda está aquém das exigências. Caso Portugal não consiga cumprir as metas de reciclagem estabelecidas pela legislação da União Europeia, há a possibilidade de um processo de infração pela Comissão Europeia, o que pode resultar em sanções ao Estado português. Portanto, de acordo com a Sociedade Ponto Verde, urge intensificar os esforços para melhorar a eficiência do sistema de reciclagem, garantindo uma melhor coleta de embalagens e um serviço mais conveniente para os cidadãos.
Uma abordagem sugerida inclui complementar o modelo de coleta por ecopontos com sistemas de incentivo, como a coleta porta-a-porta ou o modelo “pay as you throw”, que permite aos cidadãos perceberem o valor pago em função do consumo. Essas soluções poderiam aumentar a capacidade de resposta do sistema de reciclagem e evitar a perda estimada de 34 milhões de euros em embalagens que acabam em aterros.
A sociedade salienta ainda o investimento em inovação como factor essencial para modernizar os ecopontos, utilizando inteligência artificial para reconhecer diferentes tipos de embalagens, como plásticos, papelão, metal e vidro, e recompensar os cidadãos pelas suas boas práticas de reciclagem. Segundo a Sociedade Ponto Verde, essa modernização deve ser uma prioridade nacional para facilitar a correcta separação dos resíduos e tornar o sistema mais eficiente.
Os dados mostram que a reciclagem de vidro ainda está abaixo das expectativas, com apenas 164.973 toneladas recolhidas, o que representa um aumento mínimo de 1% em relação ao ano passado. Para melhorar essa situação, será fundamental que cada cidadão recicle, pelo menos, duas garrafas de vidro a mais por mês. Isso pode ser alcançado com a implementação de soluções específicas, como a adaptação de ecopontos para os estabelecimentos do setor HORECA, facilitando a deposição de vidro, realça a sociedade liderada por Ana Trigo Morais.
Em contrapartida, os números para outros materiais são mais otimistas. Entre janeiro e setembro de 2024, foram recicladas 117.679 toneladas de papel/cartão (+6%), 6.241 toneladas de embalagens de cartão para alimentos líquidos (+3%), 64.322 toneladas de plástico (+6%) e 1.652 toneladas de alumínio (+19%). Para a SPV, são dados que indicam um progresso na reciclagem de materiais diferentes das embalagens de vidro, refletindo a necessidade de estratégias específicas para cada tipo de material.
De acordo com a CEO da Sociedade Ponto Verde, Ana Trigo Morais, “as embalagens sempre foram um exemplo, o único fluxo de resíduos urbanos a alcançar os compromissos europeus”. Com a publicação do UNILEX e a entrada em vigor das novas licenças das entidades gestoras, “a nossa expectativa é que seja possível promover um ambiente concorrencial mais justo, e se implementem, de forma célere, as ações necessárias que gerem impacto direto nos resultados e a sua avaliação esteja diretamente ligada a uma maior transparência”. Segundo a SPV, “mantêm-se como prioridades melhorar o nível de serviço aos cidadãos e tornar as operações de recolha e triagem mais eficientes”.
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