[weglot_switcher]

Reino Unido tenta aproximar diplomacias de Israel e do Irão

Ministro britânico dos Negócios Estrangeiros falou com os dois lados, na tentativa de bloquear a forte possibilidade de uma guerra no Médio Oriente – que ninguém sabe por quanto tempo se manteria regional. Ao contrário, a extrema-direita israelita quer mais tensão.
27 Outubro 2024, 19h07

O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, disse este domingo que conversou com os seus homólogos israelita e iraniano em ligações separadas, tentando evitar uma escalada que resulte numa guerra regional “catastrófica”, depois de Israel atacar instalações militares iranianas.

“Fiz ligações importantes para Israel Katz e para Abbas Araghchi. O Reino Unido continua a pressionar para baixar a tensão e para o fim dos conflitos no Líbano e em Gaza”, disse Lammy em comunicado. “Uma guerra regional seria catastrófica e não é do interesse de ninguém”, acrescentou. Recorde-se que a diplomacia britânica é uma das maiores responsáveis pelo impasse que se originou no Médio Oriente a partir da Declaração Balfour (de 1917) – com o Reino Unido a prometer separadamente o mesmo território a árabes e israelitas, contando para isso com a preciosa ajuda da diplomacia francesa.

Quem não parece estar interessado em nenhuma baixa da tensão é a extrema-direita acantonada no governo israelita liderado por Benjamin Netanyahu. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, repetiu este fim-de-semana que, após o 7 de outubro, Israel “pode e deve aplicar a soberania israelita na Cisjordânia e em Gaza”.

Dirigindo-se aos presentes num encontro sobre o Médio Oriente organizado em Jerusalém, Smotrich, líder do partido Sionismo Religioso, disse que após repetidas tentativas de chegar a uma solução de dois Estados, Israel deve libertar-se “de conceitos errados” e fazer uma “declaração inequívoca aos árabes e ao mundo inteiro de que um Estado palestiniano não será estabelecido”. Para atingir esse objetivo, diz o ministro,é necessário “o estabelecimento de novas cidades e colonatos nas profundezas da Cisjordânia”.

Além disso, disse ainda, Israel também deve estender o seu controlo a Gaza, explicando que “onde não há presença civil, não há presença militar de longo prazo e, infelizmente, vimos, e no ano passado recebemos evidências muito dolorosas, que, quando não há presença militar por muito tempo, não há segurança e há uma ameaça existencial ao Estado de Israel e aos seus cidadãos”. “Não devemos permitir isso.”

“Aqueles que não querem ou não conseguem deixar de lado as suas ambições nacionais receberão a nossa ajuda para emigrar para um dos muitos países árabes onde podem realizar suas ambições nacionais, ou para qualquer outro destino no mundo”, continuou, acrescentando que os palestinianos que vivem na Cisjordânia desfrutarão de um autogoverno ao nível local e que “administrarão o seu dia-a-dia por conta própria por meio de administrações municipais regionais desprovidas de características nacionais”.

Abordando o conflito em curso em Gaza, Smotrich afirmou que Israel tem muito pouca profundidade estratégica e não pode permitir que um Estado palestiniano “se torne uma base iraniana”. Apesar do conflito, insistiu, Israel está “numa encruzilhada histórica”. “A expansão dos Acordos de Abraão é um resultado inevitável da vitória israelita emergente”. A região, disse, pode tornar-se “um farol de cooperação, de alianças estratégicas… onde ex-inimigos se tornam parceiros para um futuro melhor.”

No entanto, para alcançar esse futuro, os Estados Unidos e os seus parceiros ocidentais devem “derrubar o regime dos aiatolás no Irão e eliminar o seu projeto nuclear que ameaça o Estado de Israel e todo o mundo ocidental”, concluiu, citado pelo jornal “The Guardian”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.