Vários estados norte-americanos controlados pelos republicanos estão a tentar bloquear a observação eleitoral por parte do Departamento de Justiça nas eleições de hoje, rompendo com uma tradição de décadas, segundo relataram as agências internacionais.
Os procuradores-gerais da Florida, Missouri e Texas apresentaram ações judiciais individuais para impedir a entrada de observadores federais nos seus estados, de acordo com a agência noticiosa espanhola EFE.
Os dois primeiros viram os seus recursos rejeitados pelos tribunais, enquanto no Texas o procurador-geral chegou a um acordo com o Departamento de Justiça para proibir a entrada de observadores nos centros de votação.
“Só o Texas gere as eleições no Texas e não seremos intimidados pelo Departamento de Justiça”, escreveu o procurador-geral do estado, o republicano Ken Paxton, num comunicado.
Os observadores devem permanecer fora dos centros de votação e contagem de votos, a uma distância de 30 metros.
No entanto, o eleitor pode falar com os observadores se desejar, de acordo com o texto do acordo firmado entre o governo federal e os executivos estaduais.
O Departamento de Justiça destacou hoje dezenas de funcionários para 86 jurisdições de 27 estados de todo o país para garantir que o acesso dos cidadãos ao voto é respeitado durante as eleições.
A campanha para as eleições (presidenciais e gerais) que hoje decorrem nos Estados Unidos da América (EUA) foi marcada ao longo dos últimos meses pela difusão de teorias da conspiração sobre a integridade do escrutínio, promovidas por representantes republicanos e pelo próprio candidato presidencial do Partido Republicano, o ex-presidente Donald Trump.
A ideia infundada de que milhares de migrantes indocumentados tentarão votar nestas eleições levou as autoridades de vários estados, incluindo o Texas, a decidir “purgar” os cadernos eleitorais, em alguns casos deixando os cidadãos norte-americanos sem direito de voto.
Ao mesmo tempo, os responsáveis dos Serviços Secretos norte-americanos enviaram alertas internos a diferentes agências do Governo federal, avisando sobre a ameaça de grupos extremistas com a intenção de perturbar o processo eleitoral.
O Departamento de Segurança Interna (DHS) alertou para o aumento da ameaça de “violência eleitoral” motivada por teorias da conspiração, segundo documentos publicados pela ONG Property of the People.
As sondagens refletem uma corrida particularmente renhida entre a candidata democrata presidencial, Kamala Harris, e Donald Trump.
A nível nacional, Harris tem uma vantagem de pouco mais de um ponto percentual, com 48% de apoio, contra 46,8% para o ex-presidente, segundo a média das sondagens do ‘site’ FiveThirtyEight.
Cerca de 240 milhões de pessoas poderão votar nas eleições de hoje, que determinarão quem será o 47.º Presidente da história dos Estados Unidos.
Mais de 82 milhões de eleitores já votaram antecipadamente, e todos os olhares estão postos em sete “swing states” (assim chamados porque as respetivas intenções de voto oscilam de eleição para eleição): Arizona, Georgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin.
Apesar de os eleitores irem às urnas, o Presidente é escolhido por sufrágio indireto, uma vez que o voto dos norte-americanos vai para um Colégio Eleitoral, constituído por 538 “grandes eleitores”, representativos dos 50 estados norte-americanos. O vencedor das presidenciais norte-americanas terá de obter, no mínimo, 270 “grandes eleitores”.
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