As duas cotadas do grupo EDP desvalorizaram 2,5 mil milhões de euros com a reeleição de Donald Trump.
A EDP Renováveis fechou a sessão de quarta-feira a desvalorizar mais de 11% para 11,24 euros na bolsa de Lisboa. Já a EDP perdeu mais de 7% para 3,321 euros.
No espaço de uma sessão, a EDPR perdeu 1,456 mil milhões de euros, com a EDP a desvalorizar 1.057 milhões de euros.
Na EDPR foram negociadas quase 3,5 milhões de ações, muito acima da média de 750 mil nos últimos três meses. Já na EDP foram negociadas mais de 19,5 milhões, acima das 6,3 milhões de média dos últimos três meses.
Na chamada com os analistas na quarta-feira, o CEO da elétrica recordou que o sector das energias renováveis teve “forte crescimento” na primeira passagem de Donald Trump na Casa Branca, destacando para o avanço em “estados republicanos”, como o Texas.
No caso do programa de fomento industrial IRA, Miguel Stilwell d’Andrade sublinhou que tem beneficiado os estados republicanos, o que “torna improvável o cortes substanciais na legislação”.
As energias renováveis são cruciais nos próximos anos para “centros de dados” e centros de mineração de cripto moedas, afirmou, na chamada.
Recordando que a companhia está presente nos EUA desde 2007, tendo atravessado “vários ciclos políticos”, sublinhou que 50% do portefólio de ativos está nos EUA, esperando instalar dois gigas este ano e mais dois gigas em 2025.
O gestor destacou que a empresa conta com maior peso de painéis solares produzidos nos EUA, não estando dependente de produtores chineses, o que já causou problemas no passado.
Sobre a energia eólica offshore, onde tem havido uma “oposição vocal”, defendeu que é preciso uma “abordagem cautelosa”, mas sinalizou que há uma “forte procura por este sector”, em particular na costa leste do país. “Estamos muito apoiados em apoiar esta indústria”.
“Acreditamos fortemente no mercado norte-americano de energias renováveis, mas vamos analisar as implicações, existe uma incerteza natural devido à mudança de administração”, afirmou, apontando que nos “próximas semanas e meses vamos estar atentos a quem vai ser nomeado e a quaisquer mudanças de políticas”.
Alguns analistas concordam que o ritmo da transição energética nos EUA vai abrandar, mas não parar. “Não penso que Trump presidente possa abrandar a transição. Vai em bom ritmo”, disse à “Reuters” Ed Hirs da Universidade de Houston.
Por sua vez, Carl Fleming, ex-conselheiro de Joe Biden para as renováveis, apontou que os “empregos e os benefícios económicos nos estados republicanos foram tão grandes que é difícil ver uma administração” rejeitar o programa IRA. “A nova administração pode chegar e começar muito rapidamente a cortar orçamentos ou a restringir a liberdade das agências para fazer certas coisas. Mas penso que apenas uma pequena parte do mercado está dependente disto, portanto, penso que não vai ter um efeito de choque”.
Na energia offshore, os analistas da Bernstein acreditam que Trump aprove uma moratória em novas áreas. O republicano prometeu acabar com as eólicas offshore “no primeiro dia”, considerando que são muito caras e que são uma ameaça a baleias e a aves aquáticas, mas no seu primeiro mandato até promoveu o seu desenvolvimento.
Existe também a expetativa de que a produção de petróleo e gás natural nos EUA venha a aumentar, mas o crescimento da produção está nas mãos de “indivíduos e empresas a responderem aos preços de uma matéria-prima global e que tomam as decisões de quando explorar”, segundo Jesse Jones da Energy Aspects.
O lucro da EDP Renováveis afundou 53% até setembro para 210 milhões de euros, penalizada pelo descida do preço médio de venda de eletricidade e por menos ganhos com a rotação de ativos, anunciou esta quarta-feira a empresa.
Apesar da produção de eletricidade ter aumentado 5%, com nova potência e melhores recursos renováveis, “principalmente nos EUA”, e das receitas terem subido 5%, a questão é que o preço médio de venda registou uma queda de 4% para os 59,4 MW/h, devido a “preços de eletricidade mais baixos na Ibéria, compensados pela geração coberta a preços competitivos, preços resilientes na América do Norte e preços mais altos no Brasil”.
Destaque para os ganhos de 179 milhões de euros com a venda de ativos, mas abaixo do registado em período homólogo.
Já o EBITDA recorrente recuou 9% para 1.294 milhões de euros, com a menor venda de ativos face a período recorrente.
O lucro desceu assim para os 210 milhões de euros “com o aumento de receitas operacionais a não ser suficiente para compensar os menores ganhos de rotação de ativos face ao período homólogo”.
A produção de eletricidade subiu 5%, mas os recursos eólicos ficaram “abaixo da média de longo prazo, principalmente no Brasil, e algumas perdas de curtailment, particularmente nos EUA e em Espanha. A Europa e a América do Norte representaram 31% e 55% da produção total, respetivamente, com a energia eólica onshore a representar 85% enquanto que a energia solar representou os 15% remanescentes”.
Já o investimento bruto “totalizou 2,3 mil milhões de euros nos primeiros nove meses de 2024, com mais de 80% do seu capex investido na Europa e América do Norte, refletindo o foco da EDPR nos seus mercados principais de baixo risco”.
E a dívida líquida “totalizou 7,8 mil milhões de euros, um aumento de dois mil milhões em relação a dezembro de 2023, refletindo os investimentos de caixa feitos no período”.
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