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EUA concluem que Israel não está a bloquear ajuda humanitária apesar de críticas de grupo de ONG

O grupo de ONG, onde se inclui a Save The Children ou a Oxfam, fala num cenário “pior do que há um mês”, quando a administração Biden enviou uma carta ao governo de Netanyahu com um prazo de um mês para melhorar a situação humanitária. Das 19 exigências norte-americanas, apenas quatro tiveram “implementação parcial ou inconsistente”.
A man gestures as Palestinians search for casualties a day after Israeli strikes on houses in Jabalia refugee camp in the northern Gaza Strip, November 1, 2023. REUTERS/Mohammed Al-Masri
13 Novembro 2024, 15h08

O Departamento de Estado dos EUA fez saber esta quarta-feira que não irá interromper o envio de armas para Israel, apesar dos progressos limitados relativamente às exigências norte-americanas sobre a entrada de ajuda humanitária no enclave e o respeito pela lei internacional na ofensiva no enclave palestiniano. O anúncio surge após o fim do período de 30 dias anunciado por Washington para a melhoria das condições no terreno e no dia a seguir a oito organizações internacionais pela defesa dos direitos humanos terem alertado que a situação está pior do que há um mês.

Há um mês, a administração Biden ameaçou o governo israelita com consequências não especificadas caso este não aumentasse o fluxo de ajuda humanitária que entra no enclave, cenário que se agravou em relação a 13 de outubro, alerta um grupo de oito organizações internacionais de defesa dos direitos humanos. Ainda assim, Washington anunciou que, segundo a sua avaliação, Israel não estaria a violar a lei norte-americana, pelo que o envio de armas e material militar irá prosseguir como de costume.

“Neste momento, a nossa avaliação não determina que os israelitas estejam em violação das leis dos EUA”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, em conferência de imprensa, falando em “algum progresso” pelo governo liderado por Netanyahu.

Esta decisão norte-americana surge após a publicação de um relatório conjunto de oito organizações internacionais, incluindo a Save the Children, Oxfam ou o Conselho Noruguês para os Refugiados, que acusa Israel de ter ignorado as exigências norte-americanas, “com um enorme custo humano para os civis palestinianos em Gaza”.

Das 19 exigências de Washington, o relatório aponta a “implementação parcial ou inconsistente” de apenas quatro, com Telavive a ignorar as restantes. À cabeça, dos 350 camiões diários de ajuda humanitária exigidos pelos norte-americanos, as forças israelitas têm permitido apenas 42, em média, ignorando também os pedidos para pausas humanitárias ou para pararem com as ordens de evacuação em situações operacionais sem justificação.

“A situação é ainda pior do que há um mês”, lê-se no relatório, que fala mesmo no pior período desde o início da ofensiva em Gaza. “As falhas recorrentes de Israel em endereçar as necessidades humanitárias urgentes levantam questões sérias sobre o seu respeito pela lei internacional e as suas obrigações enquanto poder ocupante”.

Estas críticas surgem pouco mais de uma semana depois de 15 líderes de agências humanitárias da ONU terem criticado a ação israelita no norte de Gaza, onde um cerco às cerca de 200 mil pessoas que permaneciam no campo de refugiados de Jabalia perdura há um mês.

“A situação que se está a desenrolar no Norte de Gaza é apocalíptica”, descreve a carta, que fazia um apelo ao governo israelita para que ordenasse o fim dos ataques indiscriminados a civis.

Segundo um outro relatório do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU, publicado na sexta-feira passada, quase 70% das vítimas dos ataques israelitas em Gaza nos primeiros seis meses de ofensiva são crianças e mulheres – a faixa etária com mais vítimas é a dos cinco aos nove anos, sendo que 44% das vítimas eram crianças. A vítima mais nova tinha apenas um dia de vida, enquanto a mais velha foi uma idosa de 97 anos.

Os ataques israelitas no enclave palestiniano já fizeram pelo menos 43.603 palestinianos, segundo números do Ministério da Saúde local, e quase 103 mil feridos.

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